sábado, 27 de novembro de 2010

AS MENINAS DO L’ETOILE


Copacabana, território livre da zona sul do Rio de Janeiro, terra de todos os acontecimentos, do normal ao absurdo, onde se encontram mansões, prédios simples e suntuosos, dentre eles o edifício 200 da rua Barata Ribeiro, Galeria Ritz e Galeria Alasca, pontos de muitos segredos. No edifício 200 havia múltiplos moradores, dentre os quais, mulheres lindas vindas de alhures, dispostas a sobreviverem num “mundo cão” com a possibilidade do sucesso nos palcos encantados da arte cênica. Ali, pela noite e pela madrugada se algum homem gritava - “joga a chave meu amor”, corria o risco de ser enterrado vivo por um monte de chaves caídas das janelas. Na galeria Alasca bares e boates se revezavam entre o lanche, o jantar, boas bebidas, numa freqüência mista de homens, mulheres e homossexuais que se amavam ou se buscavam. Na Galeria Ritz, lojas variadas de produtos de consumo se revezavam nas vendas diurnas e à noite o obscuro mundo da noite musicada de curtições e encontros amorosos. Ali, lá no fundo, haviam duas boates denominadas de inferninho com o nome da fantasia – Claudiu’s Bar e L’Etoile, uma ao lado da outra com freqüências variadas entre o romântico e a promiscuidade. Na primeira, homens, mulheres e etc... se amavam, bebiam o bom “Campare”, o bom “Black Label” e ouviam a boa musica interpretada por três Cantores que se revezavam, sob o olhar de tortuosas e desejadas vedetes de corpos esculturais que também e principalmente iam ao L’Etoile. Numa noite de muita bebida e romantismo apaixonado, depara-se Fernando com duas deslumbrantes musas do teatro rebolado de contornos invejáveis, motivo suficiente para a aproximação do galanteador que esperava flutuar nas nuvens de prazer entre uma ou outra. Ao final da noite, ainda pela madrugada, furam todos juntos para um apartamento de amigos, onde se daria conversas e encontros amorosos. Na expectativa, Fernando pensou – “não resta a menor duvida que vou me dar bem!...”. Laura era a mais desejada, de quem gozou de alguns adocicados beijos o nosso galã e de quem esperava retribuição no leito quente e aconchegante de um quarto de apartamento da zona sul. De repente saem as duas lindas mulheres, sobem as escadas do apartamento e desaparecem das vistas dos presentes por algumas horas. Aflito, não vendo a hora do deleite, Fernando sobe as escadas e vai até o close na parte de cima do ap. e não encontra ninguém, ouvindo um som de aflição de quem se ama com gosto e ansiedade. Não se contem e olha pelo buraco da fechadura do quarto e se surpreende com as duas belas vedetes nuas se enrolando numa manhã de estranhos encontros. Frustrado, desce e vai embora. Dias depois, encontra-se com Vivian, uma das apetitosas vedetes e curiosamente pergunta-lhe o porquê da escolha, quando ele se encontrava sedento de prazer, capaz de lhe fazer muitos carinhos felicitando-a. E a resposta vem com simplicidade – sou moça jovem, bela, vivendo do que levo ao palco que é meu corpo bem detalhado e apreciado. Com você corro o risco de engravidar, deformar o meu instrumento de trabalho, enquanto, ao contrário, com a minha companheira vibro e permaneço bela em minha forma de mulher a exibir o que os homens tanto desejam. O L’Etoile é o espaço onde nos encontramos nas noites, após o trabalho, freqüência maior das que pensam como eu ou que se desvirtuam pelo prazer de fazer diferente, disse-lhe Vivian. Desconsolado partiu Fernando, sem entender as opções humanas. Não podendo mudar o circo dos absurdos ou dos desejos, restou-lhe o encontro com as inocentes jovens do subúrbio onde a degeneração ainda se mantinha distante, contraindo matrimônio, seguindo a regra bíblica do crescei e multiplicai-vos.

Rio de Janeiro, janeiro de 1962.


MORAL: “SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO”. (SHAKESPEARE).

sábado, 6 de novembro de 2010

A MORENA DE IPANEMA OU PEREIRA EM COPACABANA.

Pereira foi um nordestino que tinha tudo para dar certo em seus intentos, mas vacilou... se perdeu na grande metrópole, não aproveitou a vida em sua plenitude, o tempo passou e ele não viu, retornando ao seu convívio na pequena cidade do interior de onde saiu para tentar brilhar nos palcos deste imenso Brasil. Era um rapaz afeiçoado, boa pinta, tocava razoavelmente um piano em virtude de aulas recebidas de uma tia que lhe tinha estima. De voz aveludada, estilo de Dick Farney cantava como poucos em qualidade. Chegou ao Rio de Janeiro, capital da República, na década de 50, no momento áureo da vida artística, palco de muitos teatros, cassinos, boates, bares e restaurantes de luxo, com apresentações ao vivo de cantores e músicos. Foi destaque nas melhores casas de show e chamava a atenção de mulheres bonitas solitárias e algumas até mesmo acompanhadas. Tímido, não se dava conta de que a maioria buscava um corpo jovem, vigoroso e belo para os prazeres da carne, este ato que faz vibrar a musculatura, as entranhas e acelera o coração, mas faz um bem incomensurável. Em suas andanças, Pereira teve alguns romances, leves, tímidos, de tal forma que algumas sedentas de carinho duvidavam de sua masculinidade. Foi assim que o nosso personagem conheceu em uma noite de musicalidade inspirada, um casal que se fazia acompanhar de uma linda morena que não lhe tirava os olhos, fazendo com que o garçom lhe entregasse um bilhete dizendo-lhe do desejo de um encontro, uma conversa ainda naquela noite. Percebia-se que o casal também queria estar sozinho e ali se apresentava uma boa oportunidade para escaparem, se livrando da amiga que não iria compartilhar da alcova. Naquele tempo não se falava em sexo grupal ou qualquer outro desvio de conduta moral. Amor se fazia a dois. Em sua introspectividade, Pereira, ao sair da boate se fez acompanhar da bela mulher de corpo escultural, cabelos negros brilhantes, sedosos, olhos castanhos, face arredondada de contornos finos, pele macia como o veludo que dá gosto passear com as mãos, lábios carnudos prontos e apetitosos para o beijo. Era uma deusa perdida na madrugada de uma noite carioca. Saíram de Copacabana indo para um restaurante na Urca, bairro nobre da zona sul. Conversaram, enquanto o casal amigo buscava um apartamento para o seu desfeche amoroso, detendo-se o nordestino em amenidades, marcando um próximo encontro com a sua nova conquista, quem sabe para um corpo à corpo, o que aconteceu no bairro de Ipanema, onde morava a morena. No primeiro dia de folga, numa segunda-feira, quando Pereira não se apresentava na boate, logo cedo, à noite, deu-se o tão esperado encontro que se restringiu aos beijos e abraços no portão da Mansão, residência do pai da apaixonante donzela. Confessou-lhe – “meus pais são separados, sendo que meu pai mora aqui nesta casa com outra mulher e minha mãe mora em Niterói”. – “Quando eu quero dar minhas saídas digo a meu pai que vou para a casa de minha mãe e vice-versa”. O nosso personagem não era um aproveitador. Ao contrário. Não era um português de contos cariocas, mas era um sentimentaloide juramentado, o bastante para se contentar com um namoro de porta de rua. Pouco tempo depois o namoro findou, ficando a saudade e a frustração de não se ter vivido uma inesquecível noite de verão com o calor abençoado de corpos se amando, em segredo e exageradamente. No ano seguinte, o artista que ainda participava de eventos de destaque, foi convidado para uma apresentação em uma casa noturna, quando no intervalo de seu repertório, olhando os convidados deparou-se com aquela que foi o seu deslumbre e frustração, oportunidade em que ficou sabendo que há muito, aquela que parecia ser tímida era uma “mulher de programa”, vendendo o corpo a varejo. Lembrou de uma melodia de seu repertório gravada pelo Rei da Voz – “Chico Viola” – “Fugindo da nostalgia, fui procurar alegria na ilusão dos cabarés; sinto beijo no meu rosto e bebo por meu desgosto, relembrando o que tu és. E no anseio da desgraça bebo mais a minha taça para afogar a visão... quanto mais bebida eu ponho, mas cresce a mulher no sonho, na taça e no coração”. Daí, Pereira saiu, foi à primeira sorveteria, tomou um sorvete de ameixa, um copo com água bem gelada, cantarolando a musica de Noel Rosa – “Seu garçom faço o favor de me trazer depressa...”.

Feira, 05.11.2010.

sábado, 25 de setembro de 2010

UM FIM QUASE SINISTRO


Francisco que virou Orlando que virou Fernando que virou Fernanda que virou Kelly Christina, era um rapaz bonito, paquerado, conquistado e conquistador. Saiu de sua terra natal, lá pelas bandas do nordeste, após se comprometer com bela moça de família abastada, sem, contudo, assumir os atos amorosos praticados, não tendo alternativa senão fugir para não ser castrado ou morto. Foi para o Rio de Janeiro, Capital da Republica de então, centro de múltiplas facetas, onde a alegria convive com a tristeza e a sorte com o infortúnio. Em lá chegando não lhe faltava lindas donzelas da Zona Sul para o seu deleite, fazendo do amor sua verdadeira profissão. Para se manter financeiramente à noite namorava matronas senhoras, funcionárias públicas bem aquinhoadas, proprietárias de belos apartamentos, antigas amantes de parlamentares e ministros do governo, que na decadência física mantiveram-se empregadas com altos vencimentos, pelos prazeres de outrora fornecidos aos decrépitos senhores. Circulando em Copacabana, nosso personagem, conheceu prósperos costureiros e figurinistas, príncipes e imperadores do Municipal em desfiles de carnaval, com suas plumas e paetês, terminando por se envolver em troca de vida fácil, dinheiro e mordomia. Transmudou-se, passou a ser ativo e passivo no sexo, numa identidade múltipla, de tal forma que com o passar dos anos resolveu assumir a sua posição de gay. Para tanto deu início a uma nova atividade financeira para sobreviver promovendo shows artísticos em boates, teatros e circos. O tempo, senhor de tudo, se encarregou do desgaste físico de Kelly, e, em decadência, envolvida com drogas, de bar em bar, de delegacia em delegacia, não tendo mais caminho certo, seguiu rumo à sarjeta. Sujo, alquebrado, foi encontrado por uma alma boa que o levou até uma igreja, apresentando-o ao pároco, homem de muita sapiência, que o conduziu para uma fazenda de recuperação de drogados, dando-lhe a oportunidade de retornar a uma vida normal, conforme o seu estado natural, com responsabilidade, amor verdadeiro ao próximo, capaz de formar a célula social, primordial para uma civilização digna – a família. Kelly que foi Fernanda, que foi Fernando, que foi Orlando, voltou a ser Francisco, arranjou emprego, voltou aos estudos, formou-se em Contabilidade, montou escritório, prosperou, casou-se, teve filhos, esqueceu o passado negro, possui bom apartamento, carro do ano, casa de praia, dedicado aos bons costumes que lhe permitiram aprender.

MORAL: O caminho é uno, os desvios são muitos, cabendo a cada um encontrar o seu destino e um porto seguro para aportar, para não seguir sem rumo até o naufrágio.

domingo, 22 de agosto de 2010


O MOTRIZ E A MARINETE


Na década de 40 para 50, em terras da Princesa do Sertão, para se ir à Bahia, como se dizia naqueles tempos quando se viajava para a capital – cidade de Salvador tinha-se duas opções: o trem denominado “Motriz” e a “Marinete” um tipo de transporte coletivo que nos dias de hoje conhecemos como Ônibus. A Estação Ferroviária era instalada nos fundos da Igreja da Matriz, em galpão amplo, com bilheteria, bancos e um espaço amplo para o trânsito dos viajantes que esperavam a partida para a capital, passando por diversos lugares, a exemplo de Paripe, Piripiri e outros, até o final de linha na Calçada próximo ao Largo de Tanque. Os compartimentos do trem eram bem arrumados, com poltronas duplas e em algumas cabines tinham mesas para o serviço de primeira classe, com almoço, sobremesa e um bom café. Logo na saída ainda nas proximidades de Santana dos Olhos D água, na localidade do Tomba havia uma imensa Caixa D’água para abastecer as caldeiras da locomotiva alimentada à lenha. Após ligeira parada seguia viagem que durava, salvo engano, 3 horas. Tenho ainda lembranças do tempo de criança quando por ali, em companhia de meu pai, viajei, e na espera da partida ficava deslumbrado com o trânsito de pessoas bem vestidas, herdeiros dos costumes europeus de boa civilização. Encantava-me o barulho das máquinas, a marcha e o apito do trem – piuiiiii...., conduzindo viajantes em recreio, em face de negócios a realizar e até mesmo para consultas médicas.
As Marinetes ficavam estacionadas na Praça da Bandeira, uma ao lado da outra a espera dos passageiros, muitas vezes com sua capa de gabardine, além da mala com roupas, até completar a lotação seguindo para a capital em viagem que durava aproximadamente 4 horas em estrada de chão batido, cujo percurso compreendia Lapa (atual Amélia Rodrigues), São Sebastião com parada obrigatória para almoço, café ou lanche (um pão bem quentinho e um copo com café ao leite), dependendo do horário, seguindo até Água Fria, na entrada de Salvador e de lá para o centro eram todos conduzidos por “Carros de Praça” (denominação dada para o que hoje se conhece como Táxi). Em Salvador hospedava-se na Pensão de Bonifácio próxima do Relógio de São Pedro e no Hotel Plaza instalado na Rua Chile, principal artéria de comércio próspero e luxuoso, enquanto o comércio popular ficava na Baixa do Sapateiro, tão cantada nos versos de Ari Barroso. Querendo ia-se para a cidade baixa pelo Elevador Lacerda ou Plano Inclinado, para degustar um excelente acarajé com bastante pimenta, assistindo o jogo de capoeira de mestre Pastinha. No desembarque, necessariamente, na ida ou na volta, cobertos de poeiras vermelhas, os passageiros tinham por obrigação - tomarem um belo banho.

DE TREM OU MARINETE, DESTINO - BAHIA DE TODOS OS SANTOS.

sábado, 17 de julho de 2010

QUEM TEM TELHADO DE VIDRO NÃO JOGA PEDRA EM SEU VIZINHO















Era uma vez um vassalo de origem humilde conhecido como “Leo”, que teve a oportunidade de viver em rica propriedade de nobre senhor poderoso, que lhe deu conforto ministrando-lhe ensinamentos que não foram de todo aproveitados. Pois bem! O vassalo foi crescendo, se desenvolvendo em sua forma física, contudo, o espírito que herdara não era de boa índole e como dizia o filósofo-poeta – “Em árvore plantada em terreno infértil não se espere bom fruto”. Daí, o infeliz personagem passou a construir um castelo de areia com telhado de vidro, inicialmente pequeno, modesto, porém a sua ambição era grande e no decorrer dos anos foi aumentando o seu castelo e a sua pompa, de tal forma que assumiu o porte de nobreza que não possuía vez que não era de sangue real. Naquela época os nobres eram escolhidos pelo povo dentre aqueles que se destacavam pelos seus projetos de governo, muitas vezes não cumpridos, mas era a sina dos menos afortunados. Um dia o vassalo, saindo dos serviços domésticos, foi convidado para pequenos afazeres no palácio, carregando e entregando papéis do reino, percebendo parca remuneração, embora pudesse ter sido aquinhoado com melhor desempenho se fosse boa a sua formação profissional e intelectual, que a inércia não lhe permitiu. Vivendo sob a influencia do rei que se tornou popular, principalmente pelos grandes bailes que promovia na corte para os demais vassalos, o nosso personagem adquiriu pequena popularidade e é lançado escriba do povo, cargo por este outorgado para em seu nome promover-lhe benefício na elaboração de normas jurídicas que aperfeiçoasse o governo, o que não fez ou não soube fazer, tornando-se arauto do apocalipse, espalhando discórdias de tal forma que nenhum rei para ele era bom, tampouco os seus pares que chegou a denominá-los de porcos vivendo em chiqueiro. Embora a população do reino crescesse chegando às raias de um milhão de habitantes, “Leo” se mantinha com efêmero poder, pelo beneplácito de aproximadamente duas mil pessoas, que em troca de alguns favores lhe dava sustentação. Não cuidou do seu castelo de areia que poderia ter sido sólido, forte, se construído com boa estrutura, nem observou que o seu telhado de vidro era frágil e com certeza não suportaria o arremesso de um simples pedregulho. Além dos impropérios lançados contra tudo e contra todos, perdendo apoio do populacho, não satisfeito passou a lançar pedras contra o telhado alheio e em um desses momentos cai uma pedra em seu telhado, estilhaçando os vidros, ficando sem teto e sem guarida, porque o vento fez o resto levando as paredes falsas de areia do seu palácio, simplesmente pelo fato de que - “quem semeia vento colhe tempestade”.
Assim foi e assim será com todos aqueles que acolhidos não acolhem, detratam e subestimam a inteligência alheia.

Em um ponto minúsculo do universo denominado – “Terra”, numa madruga de reflexão, no ano de dois mil e dez, subscreve o filósofo – Notlim Ottirb.

domingo, 20 de junho de 2010

BIOGRAFIA - UMA SÍNTESE

MILTON PEREIRA DE BRITTO.

Nascido na cidade de Cachoeira-Ba., em 12.11.1939, foi para Feira de Santana-Ba. no ano seguinte, daí para Salvador-Ba. em 1952, para estudar no Colégio Ipiranga,(antiga casa de Castro Alves). Em 1958 integra a Força Aérea Brasileira, servindo na Base Aérea de Salvador, indo para Recife após aprovação em exame para o curso de Enfermagem nesta corporação, retornando a Salvador em 1959. Em abril de 1961 segue para o Rio de Janeiro como cantor e violonista, até 1968, permanecendo até 1973, oportunidade em que cursa Filosofia, Francês, Italiano, Espanhol, Piano, Violão e Teoria Musical no Conservatório do Estado da Guanabara – Rj., estuda Latim e Grego. Transfere-se para Belo Horizonte e é aprovado em concurso de vestibular para o curso de Direito pela Universidade Católica de Minas Gerais e pela Faculdade de Direito do Oeste de Minas, iniciando na primeira, transferido para a segunda no mesmo ano por discordância com o Magnífico Reitor, cursando até o 5º ano, retornando para UCMG em 1978, em estágio que é suspenso por interferência da ditadura militar, com policias que reprimem uma manifestação estudantil, e neste mesmo ano freqüenta como ouvinte a UNB em Brasília. É transferido para UCBA – UNIVERSIDADE CATÓLICA DA BAHIA, em Salvador, no início de 1979 e por desentendimento com o Superintendente Acadêmico, matricula-se na (FESPI – FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DE ILHÉUS E ITABUNA) ATUAL USC – UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ, localizada nos municípios de Ilhéus/Itabuna, concluindo o Bacharelado, após sete anos e quatro meses de estudos jurídicos.
Iniciou a sua atividade profissional como Cantor na década de 60, Gravando na RCA-VICTOR, tendo participado durante anos de programas de televisão, – TVs.- Rio, Tupy, Excelsior, Continental (quatro anos com Sarita Campos), Globo (na inauguração, sendo o Cantor e violonista oficial do Programa Clube das Garotas durante nove meses em que o programa esteve no ar. RÁDIOS - Globo, Carioca, Guanabara, Rio de Janeiro, Tupy, Tamoio, Nacional, Eldorado, Mundial, Vera Cruz, dentre tantas, no Rio de Janeiro, e em boa parte do Brasil, participando de Programas juntamente com os seus contemporâneos e amigos da época - Roberto Carlos, Carlos Imperial, Wilson Simonal, Golden Boy’s (Renato, Roberto, Ronaldo e Valdir), Trio Esperança (Regina, Mário e Evinha) Altemar Dutra, Rildo Hora, Silvio César, Roberto Nascimento, Adilson Ramos, Marisa Gata Mansa, Jamelão, Agnaldo Timoteo, Marcus Valentim, Joelma, Humberto Garin e muitos outros. Fez temporada como cantor e violonista no Rio de Janeiro de 1961 a 1968 – I – Claudius Bar, Bar Michel, Le Rond Point, Boite Plaza, em Copacabana e Restaurante Cabana, em Ipanema, e curtas apresentações - II - Boite Cangaceiro, Scoth Bar, Hotel Excelsior, Boite Bolero; Clubes – Sírio Libanês, Monte Líbano, Tijuca. Grava quatro discos, sendo três 78 RPM e um compacto duplo na RCA VICTOR no Rio de Janeiro. No ano de 1999 lança um CD “MILTON ONTEM E HOJE” na gravadora Sancléia.; outos lançamentos - MILTON – CLÁSSICOS DA MPB, BENGU´S IN CONCERT; duas faixas no CD de sua produção – “GELIVAR ENTRE AMIGOS”; e um CD – “CANTIGA DE QUEM ESTÁ SÓ”, Gravados na IES STUDIO “Atelier Musical”. (Gravações Independentes). Coordena e produz em parceria com Eduardo Kruschewsky, quatro CDs de poesias com fundo musical intitulado – POETAS FEIRENSES I, II e III, e POESIA ENQUANTO É TEMPO, para a Academia Feirense de Letras, da qual faz parte; participa da coletânea da Revista da Academia com duas Crônicas, na Revista nº 1, duas na nº 2, três na nº 3, crônicas e poesias na nº 4 ; escreve várias Biografias e Crônicas, para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Grava o CD QUEM HÁ DE DIZER, com repertório de Lupicínio Rodrigues. Publica em CD o Livro MANÉ QUARESMA ESTÓRIAS E CRÔNICAS. Em projeto – gravação como Cantor e Violonista em DVD.

INTELECTUAL:

Membro da Academia Feirense de Letras, Cadeira 22, cujo Patrono é Isaias Alves (é eleito para o exercício de 2005/2006 e 2007/2008 Tesoureiro, e 1º Vice-Presidente para o exercício 2009/2010); Membro da Academia de Ciências e Artes; Membro fundador e Consultor Jurídico - do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana-Ba.; Criador e Consultor Jurídico da Fundação Hospitalar Dr. Jackson do Amauri que Administrou o Hospital da Mulher em Feira de Santana no período de 1999 à 2002; Fundador da Sociedade Civil Organizada – SOCIO. Tem publicado Livros - O EU SOFRIDO; VERSOS LIVRES e participado com algumas poesias na Coletânea DA REVISTA DAS ACADEMIAS DE LETRAS E ARTES DA BAHIA; PROSAS - (NA REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE FEIRA DE SANTANA-BA E NA REVISTA DA ACADEMIA FEIRENSE DE LETRAS) além de matérias jornalísticas em diversos jornais, incluindo Crônicas, destacando-se atualmente no Jornal Noite e Dia, Municípios EM FOCO, tendo participação no Programa Diário da Feira com o quadro “História no Tempo e no Espaço”, em Feira de Santana-Bahia. No prelo - O EU DESILUDIDO (poesias); O CASAMENTO DE DONA BARATINHA (teatro); VIDA VIVIDA (memórias); POESIA COM SONORIDADE – CD; PRÁTICA JURÍDICA; CRONICIDADE.
JURISTA:

No Setor Público exerceu as funções de Procurador Jurídico do Município de Feira de Santana (1981/1983) exonerado injustamente por discriminação político-partidário, com processo de reintegração ou reincorporação pendente (há sete anos); Diretor de Promoções do CIS – Centro das Indústrias do Subaé (1986/1989) tendo exercido em colegiado a Direção Geral; Secretário Especial – Chefe de Gabinete e Diretor Chefe do Serviço Jurídico (PROCURADOR GERAL) do Município de Feira de Santana-Bahia (1989/1992); Auxiliar de Gabinete 1993/94, Assessor Legislativo 1996/ agosto de 97 e Procurador Jurídico da Câmara de Vereadores deste Município (setembro de 1997 à junho de 1998 de direito e até 2000 de fato); Assessor Jurídico da Câmara de Vereadores de Serra Preta-Ba. (1998/2000); Assessor Jurídico do Município de Tanquinho-Ba. (1998/2008); Assessor Jurídico do Município de Ipecaetá (durante 08 meses – no ano de 2006) e do Município de Serra Preta, (2005/2008); Advogado do PMDB por mais de dez anos, atuando na área eleitoral, também do PDT e de outros partidos em diversas campanhas eleitorais; Gerente Administrativo da ADAB – AGÊNCIA ESTADUAL DE DEFESA AGROPECUÁRIA – BAHIA (de setembro de 1999 à maio de 2007). Nomeado Oficial de Gabinete da Ouvidoria da Assembléia Legislativa da Bahia (junho de 2007 à dezembro de 2008), servindo no Gabinete do Deputado Estadual Tarcízio Pimenta, com o objetivo de assessorá-lo juridicamente e planejar a sua campanha para a Prefeitura de Feira de Santana, para o exercício 2009/2012; Assume a Chefia Jurídica da Campanha em 2008, atua em mais de duzentos processos eleitorais, dá assessoria aos candidatos da chapa proporcional com mais de 160 candidatos a vereador com êxito, sendo eleito Prefeito Dr. Tarcízio Pimenta, com excelente resultado para a chapa proporcional, após exaustivo trabalho. Em 01/01/2009 assume o Cargo de Secretário Chefe de Gabinete do Prefeito de Feira de Santana-Bahia.

OUTROS CURSOS, SEMINÁRIOS E CONGRESSOS:

DIREITO CIVIL, PROF. SILVIO RODRIGUES, 1976; DIREITO CIVIL, PROF. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, 1976; CURSO DE EXTERNSÃO EM DIREITO AGRÁRIO – FESP, 1979; V SEMANA DO ADMINISTRADOR –UCMG, 1974; ESTUDOS JURÍDICOS DE DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL, OAB, 1981; PARTICIPAÇÃO NO GOVERNO LOCAL,ANÁLISE E PERSPECTIVA, 1989; 16º ENCONTRO NACIONAL DE PROCURADORES MUNICIPAIS, -LEIS ORGÂNICAS DOS MUNICÍPIOS, CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS E DA REPÚBLICA, EM SÃO PAULO, 1990; 17º ENCONTRO NACIONAL DE PROCURADORES MUNICIPAIS, EM FORTALEZA, 1997; SEMINÁRIO ADVOCACIA E A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL, 2001; 1º SEMINÁRIO FEIRENSE DE PROCESSO DO TRABALHO, 2001; IIº CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO DO ESTADO, SALVADOR-BA., 2002; SEMINÁRIO DE TRANSCOMUNICAÇÃO, IPP –INSTITUTO DE PESQUISA PSÍQUICAS, 1991; Ee outros.
No Setor Privado exerce a Advocacia desde 1981, incluindo a assessoria a diversas empresas de Feira de Santana, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio de Janeiro e Bahia, atuando nas áreas Cíveis, Trabalhistas, Públicas e Eleitorais. Foi Advogado de aproximadamente 1.300 mutuários do Conjunto Feira IX, liderando a entrega e a ocupação das casas; Promoveu mais de mil Ações de Usucapião para os moradores da Rua Nova. Tem ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA, na Vila Pedro Carneiro, na Rua Desembargador Filinto Bastos nº 719, na cidade de Feira de Santana-Ba, continua dando consultas, orientando e formulando parecer inclusive para colegas. Aposentado por idade pelo INSS, continua com as suas atividades profissionais.
EMAIL – (brittomilton@ig.com.br). (britto_milton@hotmail.com).

Feira de Santana, Abril de 2010.

PIO NETO - UM SOBREVIVENTE

Pio Neto nasceu na zona rural no início do século XX, filho de pais semi-analfabetos, viveu por algum tempo sem os recursos que a cidade grande oferece, tais como a oportunidade para estudar e freqüentar um ambiente social, profissionalizando-se. Quando menino brincava com as pedrinhas e os gravetos que encontrava simulando uma criação de gado, currais, eqüinos, muares, galinhas, galos, patos e marrecos. Na fazenda onde morava não tinha energia elétrica, água encanada, telefone, e, por conseqüência não tinha rádio ou televisão. As notícias chegavam de boca em boca e a leitura, pouca, era através do almanaque publicado pelo laboratório que fabricava o “Biotônico Fontoura” (fortificante dado às crianças), que contava as histórias de Zeca Tatu, homem abatido, fraco, pelas verminoses, via de regra – lombrigas, e que ao tomar o fortificante abatia onças com as próprias mãos, cortava lenha com machado e carregava nos ombros, transformando-se em figura musculosa, forte, imbatível. Na adolescência Pio fabricava arapucas, alçapões e bodoques (atiradeiras feitas com uma forquilha, tiras de borracha de câmara de ar e um pedaço de couro), arremessando pedras para a caça de aves menores, assadas na brasa ou nas frigideiras, para comer no almoço ou no jantar. Ainda na adolescência trabalhava na roça ajudando na plantação de fumo, feijão, e a mandioca para o fabrico da farinha, do beiju, da puba e da tapioca, atividades de sustento da família, suplementando a atividade do patrono que criava e abatia gado para a venda na cidade. Ao completar vinte e um anos, emancipado, resolveu Pio ir para a cidade grande, cansado da atividade rural que não lhe dava muitas oportunidades para construir uma família. Com poucos recursos financeiros, restou-lhe a idéia de alugar um imóvel na cidade que escolheu, fazendo dali uma Pensão que lhe dava o sustento e o abrigo de forma cômoda para quem quer viver humildemente. Ali conheceu muitas pessoas, inclusive, influentes, que lhe ofertaram um emprego de fiscal do governo. Em um belo dia, a sorte resolveu premiar aquele homem com um bilhete da loteria federal, dando-lhe a ousadia de negociar com gado em grande escala, o que fez durante anos até que em meados do século, sendo fornecedor do governo federal, recebeu o calote motivado pela moratória de pós-guerra de 1945, que não criou, não participou ou foi responsável, mas foi vítima. Teve que começar tudo de novo. Viúvo, com três filhos para criar, buscou na alquimia através de livros que lia com o pouco estudo que tinha, fórmulas de fabrico de vinhos e vinagres, que passou a fazê-los. Criou suas próprias marcas e saiu pela periferia da cidade, distritos e povoados, de diversos municípios vizinhos, até que pôde comprar uma pequena caminhonete para o transporte da mercadoria. Quando retornava de suas viagens, trazia carnes e caças que adquiria nas feiras livres para alimentar a família. Fato inusitado ocorreu quando teve que enfrentar a concorrência desleal de grandes marcas. Pio produzia vinho de jurubeba e conhaque de boa qualidade, mas no mercado, levado pela força da propaganda, a jurubeba preferida era a “Leão do Norte” e o conhaque era o de “Alcatrão de São João da Barra”. Ameaçado pela concorrência, já que os seus produtos eram similares aos de marca, não tendo como competir com a ostentação das multinacionais, com os produtos preteridos, foi obrigado ao artifício, mandando fazer na grande metrópole rótulos, gargantilhas e selos das marcas famosas e, clandestinamente passou a vender o que a clientela exigia por força da propaganda, o que fez pelas circunstancias adversas e pela necessidade de sobreviver, até que lhe permitisse a vida, novas oportunidades, que não teve, vez que não lhe deram estudo e profissão digna. Teve Pio outros momentos que não durou, vez que, ao se estruturar como empresário de bom porte, obrigou-se à excessiva tributação e encargos trabalhistas, que se somou à conivência de um contador desonesto que o levou a falência. Morreu Pio alguns anos depois aos sessenta e quatro anos de idade, deixando prole conturbada, com algumas exceções, e uma mulher egoísta que não soube viver em harmonia com os seus, falecendo na solidão dos que não amam, até porque sempre pregou que “cada um deve viver no seu cantinho”.

sábado, 1 de maio de 2010

PASSADO... PRESENTE... FUTURO.








PASSADO:

Meus avós paternos moravam na fazenda Tanque Velho, não recebia conta de água, luz, telefone, Internet, celular, cartão de crédito, carnet de IPTU, INCRA, ITR, não pagava ISS,IR, imposto sindical, OAB, CREMEB, CROBA, CRA,CREA e outros CRs (ceerres), não recebia cobranças com ameaças de inserção no Serasa. SPC ou qualquer outro órgão de restrição ao crédito mesmo quando a conta está quitada. Meu avô tinha um pequeno comércio de carne em Irará-Bahia, gozava de bom conceito, foi eleito vereador e chegou a ser Presidente da Câmara, sem se corromper ativa ou passivamente. Minha avó trabalhava na roça capinando e plantando feijão, mandioca para o fabrico da farinha, do beiju e da tapioca, plantava fumo para consumo próprio e cuidava de outras culturas. Não tinha empregados porque todos que trabalhavam eram seus afilhados, morando na mesma área rural sem despesas e recebiam as contrapartidas sem reclamar, mesmo porque tinham casa, comida e todas as demais necessidades supridas. Com o que recebiam em dinheiro pelo trabalho empreendido nas plantações com o sistema denominado “Contrato de Parceria ou de Meia”, agradeciam ao Divino. Ildefonsa usava a força dos braços para o pilão que transformava em pó o grão do café que cultivava no quintal, e em fubá o milho colhido na pequena roça. A luz usada vinha do sol durante os dias e à noite a lua. Dentro de casa era o candeeiro abastecido com querosene que servia para alumiar seus passos. A água vinha de pequenas lagoas, sendo as “limpas” para beber após coarem com panos bem lavados, armazenadas em potes de barros e moringas, enquanto que as demais, que se dizia para o gasto, vinha de uma média represa denominada Tanque Velho. O fogão era abastecido à lenha retirada na propriedade, a carne era do boi ali abatido para o sustento de todos, cortada em fatias, dependuradas na corda ao sol para secar, armazenadas em potes com farinha para a sua conservação; o feijão era guardado coberto com areia fina peneirada, em tambores, após a colheita. Eram felizes. Meu avô morreu de enfarte com pouco mais de 60 anos pela imensa labuta e a minha avó aos 104 anos de idade, de morte natural, justamente porque não gostava da cidade com a sua “civilização e costumes”, que leva ao mercantilismo desumano e vale mais quem possui mais dinheiro, não importando a origem, geralmente ilícita.

PRESENTE:

– Após quarenta anos de estudo ininterrupto, vinte e sete anos de trabalho, pagando aluguel, luz, água e gás, transporte coletivo, condomínio e outras despesas, consegui construir uma casa (1981) que serve de abrigo para minha família. Aí começa a “via crucis” – pago IPTU, consumo de Água, Luz, Gás, Telefone fixo, celular, Internet, Imposto de Renda, IPVA porque tive a ousadia de comprar um carro para minha locomoção ao trabalho, combustível para o mesmo, Seguro Obrigatório, Seguro total (por exigência da financeira), Licença, Taxa de Iluminação, Taxa bancária porque tenho que manter uma conta corrente na instituição para receber o salário e sou obrigado a acessar a Internet para pedir a segunda via das faturas porque as empresas e os correios não entregam, todos mancomunados para a incidência de juros e multa que se é compelido a pagar, levando-nos ao estressamento total, somando-se o transporte coletivo para transportar as minhas filhas, a mensalidade do colégio porque o ensino público é deficiente, ITR e INCRA de uma pequena propriedade rural que adquiri para tentar descansar nos finais de semana.

Pergunto: Compensa?

FUTURO:

Vou me recolher ao tempo primitivo, ao tempo de minha avó, onde ouvirei o canto dos pássaros se ainda os encontrar; o latido do cão fiel se ainda existir; vou beber a água da fonte se não secou; vou me banhar no córrego se não se privatizou; vou dormir à noite para me descansar e fazer minhas leituras à luz clara do dia e respirar o ar quase puro do campo que os homens estão poluindo, antes que tenha que se pagar; vou andar pelas estradas de terra batida sem pedágio e para a viagem longa o cavalo e a bicicleta antes de enfartar; vou visitar o vizinho para conversar sem intermediários, sem correio e sem telefonia, livre da interferência global que nos escraviza e nos idiotiza; vou ler Schopenhauer (com seu “Aforismos Para a Sabedoria da Vida”), Nietzsche (para entender o Anti-Cristo), Newton (em sua visão matemática), Morus (com a sua Utopia), Sócrates (para conhecer a mim mesmo), Platão (com seus Diálogos e o mito da caverna), Aristóteles (o sábio dos sábios), Aristarco, Anaximandro, Anaxímenes, (para o inicio do pensar e a conceituação do universo), Diógenes (com a sua lanterna em busca do homem honesto), Rousseau, Voltaire, Diderot e D´Alembert (enciclopedistas com os seus conceitos revolucionários); vou ler Darwin para entender o evolucionismo e Einstein para compreender a relatividade do universo visível composto de vinte bilhões de galáxias com duzentas e vinte bilhões de estrelas cada uma delas, e reler a Bíblia para encontrar a divindade criada pelos homens, sem templos, sem dízimos e “sabidórios” a explorarem a boa fé dos incautos. Ou talvez, eu vá à simplicidade dos ignorantes e incultos porque melhor ainda seja não saber para não sofrer a incompreensão e a desilusão dos sábios, se não puder alcançar o Nirvana.


Feira, 17 de abril de 2010.


sábado, 17 de abril de 2010

MANOEL JUSTO DE BRITO


MANOEL JUSTO DE BRITO.

(Minhas origens).

BIOGRAFIA E DADOS HISTÓRICOS.

POR: MILTON PEREIRA DE BRITTO.






A família Brito pelo que se sabe em dados históricos não muito remotos mais um pouco longínquo, tem origem numa antiga família dos Britos, por volta do ano de 1033, da Era Cristã. Nesta época vivia D.Hero de Brito senhor de muitas herdades em Oliveira, Carazedo e Subilhões, todas situadas entre o rio Ave e Portela dos Leitões, muito rica região e onde se encontra o Solar dos Brito. Fundador do Mosteiro de Oliveira, Conselheiro do Rei de Castela e Leão, D. Afonso VI, foi eleito por este, Par do Reino e seu Brasão de Armas foi concedido em 1072.

Sabe-se que, descendentes de D. Hero vieram para o Brasil na época do descobrimento e colonização, eram cinco irmãos, deslocando um para o Rio de Janeiro, um para Minas Gerais, dois ficaram na Bahia e o outro para Sergipe.

No período colonial o Reino de Portugal fez as primeiras doações de terras do Brasil que tinha o nome de Casas e depois Sesmarias, o que aconteceu a partir de 1.615. Na Bahia, na Região onde fica o atual município de Feira de Santana, estiveram nesta ocasião instaladas duas Casas: a da Torre e a Casa da Ponte, sendo que a primeira representada por Garcia D’ Ávila vindo para a Bahia com o primeiro Governador Tomé de Souza que teve como herdeiros Francisco Dias D’ Ávila e Garcia D’ Ávila Pereira. Já a Casa da Ponte pertenceu a Antonio Guedes de Brito filho e Antonio de Brito Correia e Maria Guedes de Brito, descendentes de lusitano, assaz conhecido de todos, Diogo Álvares Correia, o Caramuru.

Comum à época, não seria diferente, geraram vasta prole, espalhada por este continente, além de diluírem as imensidões de terras recebidas do Reino.

Perdidas estas origens mais remotas, viemos encontrar na localidade de Quaresma (atualmente Município de Santanópolis), antigo distrito de Irará-Bahia, o cidadão português conhecido como Pio Brito, tendo como filho Sabino Brito casado com Maria Brito, homem de muitas mulheres com as quais coabitou, gerando cerca de quarenta e cinco filhos, dentre eles Guilherme dos Santos Brito que casou com Ildefonsa Brito, sua prima, filha de uma irmã de Sabino Brito. Guilherme por sua vez teve do seu matrimônio cinco filhos, dos quais sobreviveram o primogênito - Manoel Justo de Brito e o caçula Eutrópio dos Santos Brito.

O nome do biografado, primogênito de Guilherme, tem a sua origem nos seguintes fatos pitorescos: cabalisticamente e até por algumas informações bíblicas o nome de Jesus seria Emanoel, daí por corrupitela o deslocamento para o seu prenome – Manoel, acrescentando –se o nome Justo em conseqüência do Santo do dia do seu nascimento, segundo se encontrava no Almanaque Britol, muito consultado na época, permanecendo como seria lógico o sobrenome de raiz – Brito.

Manoel Justo de Brito, nasceu no dia 19 de Julho de 1906, na Fazenda Tanque Velho, no Quaresma, assistido por parteira. Não tendo possibilidade de freqüentar escolas, cursou até o terceiro livro com o professor Lúcio, o mais respeitado da região, tendo muita facilidade para elaborar contas e cálculos matemáticos.

O seu pai logo nos primeiros anos, voltado para as atividades agrícolas incentivou o seu filho para o trabalho rural dando-lhe uma enxada de 03 libras.

Aos dezoito anos nas suas idas a Irará, tido como um “partido de futuro” por ser o seu pai fazendeiro, armou-lhe uma cilada a Dona da Pensão onde se hospedava, fazendo com que a sua filha desse “o golpe da barriga”, dizendo-se grávida de Manoel, razão suficiente para que Guilherme obrigasse o casamento. Realizado o matrimônio, foi um para cada lado e a donzela não estava grávida. Muito anos depois se realizou “o desquite”, patrocinado pelo advogado Jessé.
Depois de malfadado casamento e até decepcionado com os fatos veio para Feira de Santana-Bahia disposto a negociar com gado.

Empreendido diversas viagens pelos arredores e negócios pecuários, um belo dia ao subir a ladeira do “Minadouro” local onde residiam famílias de classe média, (início da década de 30), cavalgando o seu cavalo, acompanhado do seu fiel perdigueiro “Vampa” encontrou aquela que seria a grande paixão de sua vida – Magdail Pereira da Silva, encontrando óbice para o seu namoro e compromisso matrimonial, por resistência dos pais de sua pretendida, que alegavam ter como motivo o fato do mesmo ser casado e o seu desquite não estar devidamente homologado. Tamanha era a paixão do casal que combinaram uma fuga, que teve o apoio do Cel. Artur de Baixa da Palmeira, que lhe ofereceu o Ford de Bigode e dois jagunços, dizendo: “Vá buscar a moça, traga para a minha casa que eu faço o casamento, pois aqui o Padre faz o que eu quero”.

Desta união, tiveram três filhos – Yolanda, Edson e Milton. A primeira nasceu em Baixa de Palmeira, o segundo em Feira de Santana, na Pensão Brasil, onde fica localizada a Pça. do Nordestino, o terceiro, nasceu na cidade de Cachoeira-Bahia, na Pça. Dr. Milton, que motivou o nome do rebento. Nesta oportunidade Manoel esteve na Farmácia Régis, encontrando um bilheteiro de loteria que insistentemente queria lhe vender o bilhete, conseguindo, permitindo-lhe o grande premio de cinqüenta contos de réis. Com esta fortuna voltou para Feira de Santana-Bahia comprando um sítio no Ponto Central, passou a residir na Rua Marechal Deodoro, próximo a residência de Martiniano Carneiro onde seus filhos fizeram grandes amizades, com os filhos daquele, conhecidos - Sissinho, Tonton, Vilma e Valter Panqueca. Daí mudou-se para a Rua Conselheiro Franco num casarão com um quintal que ia até a Rua da Aurora, travando amizades com as famílias Mascarenhas, Cordeiro e de Abílio Ribeiro.

Teve alguns anos de prosperidade, contudo com a doença da esposa que sofria mal de chagas, vindo a falecer em 1945, experimentou uma decadência financeira decorrente de moratória pública, resultante da 2ª Guerra Mundial, deixando de receber os seus créditos de alguns setores das Forças Armadas, contudo pagou aos seus fornecedores, iniciando nova atividade em sociedade com o seu irmão Eutrópio, fabricando vinhos, licores e vinagres.

Preocupado com a educação dos filhos menores, contraiu novo matrimônio com Hanuvair, com quem teve três filhos – Carlos Augusto, Maria Lúcia e Ana Maria.

Na década de 50, por ser pessoa bastante empreendedora, foi convidado por Osvaldo Torres para compor uma sociedade, representando e distribuindo a cerveja Antártica por toda a região da Bahia com exceção de Salvador. Experimentou nova fase de prosperidade, sendo convidado para compor uma sociedade para a criação do Feira Tênis Clube, depois do Clube de Campo Cajueiro e para integrar a Maçonaria; participou como cotista do empreendimento Saci para a construção do prédio Mandacaru, do qual nada recebeu restando-lhe um título das cotas imprestáveis.

Politicamente participou do PSD e MDB, sendo seguidor do ilustre Dr. Eduardo Fróes da Mota, de quem foi muito amigo. Sabe-se dizer que uma das suas maiores proezas foi quando do casamento de sua filha Yolanda, poder reunir no mesmo espaço os adversários políticos João Marinho Falcão e Eduardo Fróes da Mota, trocando gentilezas e um servindo ao outro, iguarias do serviço de buffet.

Não se sabe de nenhuma inimizade que possa ter cultivado e o seu bom humor era a marca registrada.

Homem de boa-fé foi ludibriado mais uma vez pelo truste e pela ganância das grandes empresas e dos homens, falecendo ao dirigir uma Kombi, transportando mercadorias da Rodoviária Estrela do Norte de Feira para Cachoeira em acidente fatal. Hoje é muito lembrado pelos amigos de seus filhos. Deixou como herança a dignidade, a honestidade, a boa-fé e o respeito ao próximo.

domingo, 11 de abril de 2010

REVIVENDO STANISLAW PONTE PRETA


REVIVENDO STANISLAW



Hoje me deu uma saudade imensa do Rio de Janeiro e resolvi escrever este texto.

Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Marcus Rangel Porto, também conhecido como Sergio Porto. ATIVIDADE PROFISSIONAL: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário,(definição dada pelo próprio). Conheci esta figura insuperável nos idos de 1963 em pleno Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, pouco tempo antes da “gloriosa”, nome usado pelo próprio para definir a ditadura de 1964, época de repressão, momento negro de nossa história que enterrou a intelectualidade e fez crescer o semi-analfabetismo conveniente aos imperialistas. Ele escrevia para o melhor Jornal de então – ULTIMA HORA, de Samuel Wainer, marido de Danuza Leão paixão de Antonio Maria outro jornalista espetacular. Para se ter uma idéia da importância deste Jornal, basta saber quem eram os demais colaboradores: Tristão de Ataíde ou Amoroso Lima, da Academia Brasileira de Letras; Otto Maria Carpeaux, Paulo Francis o que raciocinava em bloco, - todos poliglotas, escritores conceituados. Nesta década eu lia Jornal do Brasil, Correio da Manhã, O Jornal, Ultima Hora, Lê Monde, Figaro, La Nation e o Time publicado em espanhol. Preferi sempre a Ultima Hora pela sua equipe e Stanislaw brilhava com as suas Crônicas e a publicação das “Certinhas do Lalau”, exibindo estonteantes vedetes de deixar água na boca e o corpo tremulo de um prazer frustrado. Lembro-me de Aizita Nascimento (Miss Guanabara), Betty Faria (Atriz), Brigitte Blair, Carmen Verônica, Eloina, Íris Bruzzi, Mara Rúbia (vedetes), Miriam Pérsia, Norma Bengell, Rose Rondelli, Sônia Mamede (Atrizes) e Virgínia Lane (conhecida Vedete do Brasil, que se gaba de ter sido a preferida de Getulio Vargas, com quem teve um caso amoroso). Sergio Porto ou Stanislaw era freqüentador assíduo do Michel e do Lê Rond Point, adorava um bom Uísque e mulheres bonitas. Dizem que “morreu de Coração e Trabalho”, laborando uma média de 15 horas por dia, fazendo o que mais gostava – escrever para jornais, revistas, rádio e televisão, inclusive para o programa de Chico Anísio.

Sua Obra:
Como Stanislaw Ponte Preta:
- Tia Zulmira e Eu - Editora do Autor, 1961- Primo Altamirando e Elas - Editora do Autor, 1962- Rosamundo e os Outros - Editora do Autor, 1963- Garoto Linha Dura - Editora do Autor, 1964- FEBEAPÁ1 (Primeiro Festival de Besteira Que Assola o País), Editora do Autor, 1966- FEBEAPÁ2 (Segundo Festival de Besteira Que Assola o Pais), Editora Sabiá, 1967- Na Terra do Crioulo Doido - FEBEAPÁ3 - A Máquina de Fazer Doido - Editora Sabiá, 1968
Com o nome de Sérgio Porto:
- A Casa Demolida - Editora do Autor/1963 (Reedição ampliada e revista de O Homem ao Lado - Livraria. José Olympio Editores)- As Cariocas - Editora Civilização Brasileira, 1967
Ao rever este Jornalista inconfundível, lembro de você, amigo Zé Coió, com seu humor, genialidade e gosto pelo belo sexo, a exibir o Colírio da Semana, que já está fazendo falta.

Aqui vai uma certinha do Lalau –




Anilza Leoni


Um grande abraço.
Do amigo, Milton Britto.

domingo, 28 de março de 2010

REEDITANDO O INCONCEBÍVEL CASO ISABELLA NARDONI.

Era apenas uma criança inocente com a tenra idade de cinco anos, nascida da conjunção carnal de dois jovens que se enamoraram e se desajustaram. Separados os pais, adotou-se o que há de mais moderno na concepção de guarda de filhos de pais separados: “Guarda Compartilhada”.
A pequena Isabella na sua inocência somente queria viver e brincar, até que a fatalidade a alcançou com a intolerância, a maldade, o ódio e o instinto criminoso urdido por genes degenerados transmitidos a hediondos seres humanos.
Surgiram na mídia nacional os Nardonis e uma Megera chamada Ana Carolina.
Brutalmente o pai de Isabella a agride de forma covarde conjuntamente com a madrasta, que a enforca com as mãos, a sufoca e a imaginando morta, para ocultar o crime – o infanticida, arremessa a pequena do sexto andar do prédio de uma altura de vinte metros, onde moravam, simulando uma situação de homicídio cometido por terceiros. - Frios, covardes, monstros.
A polícia que sempre se mostrou em vários episódios – autoritária, incompetente, violenta, corrupta, de repente se mostra capaz dando-nos uma verdadeira aula de técnica investigatória e pericial, trazendo à público resultados surpreendentes: – a madrasta e o pai de Isabella – Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni espancaram-na até a morte. Crime caracterizado como – homicídio doloso (com intenção de matar) triplamente qualificado – motivo fútil, de modo cruel, com a impossibilidade de defesa do ofendido, - previsto no art. 121, § 2º, incisos I, III e IV, do Código Penal Brasileiro, com outro agravante – contra menor de idade – criança –art. 263 do Estatuto da Criança e do Adolescente, com pena prevista de reclusão de 12 (doze) a 30 (trinta) anos, com aumento de um terço, previsto no § 4º do art. 121 do CPB.

Admitindo-se a denúncia, o processo e o julgamento pelo Tribunal do Júri, com a condenação, teremos que a lei brasileira limita o cumprimento da pena a 20 anos e após decorridos 1/3, com bom comportamento, se livram soltos os criminosos.

Isabella foi condenada à pena máxima - morte por duas personalidades deformadas, “filhinhos de papai”, sendo o monstro maior - filho de um “advogado” Tributarista, que nos parece vinculado à Globo que promove por todos os meios a defesa dos assassinos, numa tentativa de desqualificar a perícia e inventar uma “verdade” segundo as suas mentiras e conveniências. - “Goebbels”.

A imprensa nacional, com exceção da TV Globo, divulga todos os fatos deixando induvidosa a autoria do crime. Entra outro Canal de televisão – Rede TV e sadicamente passa a entrevistar os pais dos criminosos, em dias e horários diferentes, permitindo-lhes a farsa de ali defenderem o indefensável, tentando ludibriar a opinião pública. Dizem – liberdade de imprensa. Formadores de opinião deveriam ter mais respeito e dignidade na condução de divulgação de fatos chocantes. Mas não. Preferem a audiência mesmo subestimando a mínima inteligência humana.

A Polícia é conclusiva com robusta prova: – são os responsáveis pelo assassinato – Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni.

A Revista ISTO É, traz a manchete – ISABELLA 5 ANOS – A história da inacreditável morte que comoveu o País.

A Revista VEJA – Para a Polícia, não há mais dúvida sobre a morte de Isabella: FORAM ELES – e exibem os rostos dos dois monstros.

Na minha experiência de advogado com mais de trinta anos na militância, pude analisar desde o começo – “espancaram a menina inclusive no carro, asfixiaram-na e acreditando que estivesse morta, simularam a situação de que teria deixado Isabella no quarto e alguém entrou no apartamento e a jogou do sexto andar. – E esta foi posteriormente a História inventada por uma mente assassina sustentada por um pai – Antônio Nardoni, que sempre alimentou uma família de parasitas, começando pelo Alexandre. Criminosos também – o Antonio e a irmã de Alexandre – Cristiane – que alteraram a cena do crime com a intenção de ocultar os verdadeiros assassinos de Isabella”.
Jamais assisti a tamanha barbárie. E agora vem a Rede Globo de Televisão promovendo não se sabe a que preço a defesa dos Nardonis, tentando inocentar o casal, com entrevistas fantasiosas, com mercenários profissionais, insistindo em contrariar todas as evidencias que levam a uma só conclusão: – Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni – MATARAM ISABELLA.

Confesso que tenho sofrido uma dor imensa que dilacera todo o meu entendimento sobre o Ser, me deixa impotente e sem esperanças sobre os destinos deste caso criminoso que abalou todo o País.

De um lado – preciso acreditar na Justiça dos homens.

Do outro - se encontra a Rede Globo, que por divergências financeiras e ideológicas com o Grupo Abril, contradita as suas reportagens e tenta convencer a todos que são inocentes dois criminosos hediondos, se contrapondo a argumentos lógicos, por interesses escusos. Já não bastam as aulas diárias de maldades e degradações do ser humano que são dadas através de suas novelas, onde não existe família e princípios morais. O enredo é conhecido – uma pobre coitada e um mundo de gente que articula todo tipo de crime. No final o vilão vai para o manicômio, é preso, foge para uma ilha com milhões ou alguém o mata e procuram para o crescimento da audiência televisiva – “quem matou Odete Rotman?”. “Quem matou Salomão Ayala?”.

Na polícia, por incrível que pareça, ainda há esperança.
No MP –Ministério Público, incansável Instituição que honra a todos nós, a tenacidade e a honradez.
Na Justiça uma eterna interrogação. (?)

Estamos perdidos?

Feira de Santana, 03 de maio de 2008.

Com a palavra agora o Tribunal do Júri instalado em São Paulo e que todos assistem estarrecidos acreditando que ainda poderá existir Justiça. É tempo de reformar o velho Código Penal, estabelecendo novas penalidades incluindo a prisão perpétua e q uiça a pena de morte em nosso país. E ainda tem Juiz indignado com certo tipo de cárcere adotado para animais humanos.
Nova manchete da ISTO É – “O JULGAMENTO DOS NARDONI”.
Como diria o poeta Carlos Drumont de Andrade – “E agora José?”.
Em 25 de março de 2010.

Milton Pereira de Britto – é Advogado, Escritor, Poeta, Membro da AFL e do IHGFS. (Assume total responsabilidade pela matéria).

domingo, 14 de março de 2010

CRONICIDADE

Seu nome era Maria.Não era a mãe de Jesus, nem Madalena, aquela a quem se atribui ser a amante do messias. Era uma pessoa do povo, como tantas outras.Morava num lugar ermo, numa casa de chão batido, no meio do mundo, em terra absolutamente árida, onde em se plantando nada dá. Tinha apenas dois dentes frontais na boca seminua, preparada para o alimento composto de mingau e farinha seca, intercalado, e algumas vezes banana amassada. Feliz da vida, pois recebia uma cesta básica fornecida pelo governo federal, denominada “bolsa família”. Havia um Posto de Saúde há vinte quilômetros de sua localidade, que raramente aparecia um médico ou enfermeira, com visitas programadas para os dias de feira livre na sede do Distrito, em dia de sábado. Os dois dentes que sobraram na boca de Maria eram os únicos que não tinham cárie e por isto preservavam.Sofria de diabete, cálculo renal e pressão alta, além da arritmia que lhe acompanhava. Com tudo isto, era feliz, porque não lhe permitiram raciocinar como gente, ter instrução como civilizada. Era conveniente para os governantes, que se interessam por zumbis, que são mais fáceis de controlar para se manterem no poder “mamando nas tetas da mãe República. Na casa má acabada, terminara de colocar piso de cerâmica de terceira, doação de um candidato a Vereador. Uma antena parabólica ladeava a sua residência, até porque a Companhia de Energia Elétrica que patrocinara a campanha do Governador, ganhou a concorrência para a instalação do Programa “Luz para todos”. Ali focalizavam os canais de televisão com prioridade para a Rede que mantinha um acordo financeiro com o governo, controlada pelo truste estrangeiro que monopoliza a economia mundial, escraviza os alienígenas, tomando as suas riquezas e mantendo governantes segundo os seus interesses. Pois bem! Maria era feliz com os cachorros magros da sua terra inóspita, com os poucos dentes que lhe restaram, que não lhe faziam falta porque não tinha mesmo o que mastigar, ria, contava estórias, relatando que a sua sobrinha foi vítima de um marido alcoólatra que lhe desferiu um soco no olho esquerdo, partindo a sua sobrancelha que sangrava sem parar, sujando-lhe a veste, e, em outra ocasião fugindo do beberrão se escondeu embaixo da cama de uma tia e de lá foi arrastada como um pedaço de carne para ser batida como se amacia o bife que vai ser servido na casa do Barão. Maria contava e ria, achava graça de tudo.Semi-surda voltou Maria para a sua televisão, sentada no seu sofá coberto com um lençol já roto e desbotado. Ali era o seu mundo ao vivo e a cores.



MORAL:

MELHOR SE GOVERNA - O CEGO, QUE NÃO VÊ! - O SURDO, QUE NÃO OUVE! – O MUDO, QUE NÃO FALA.

Feira de Santana, 09 de novembro de 2007. – Em uma manhã de inspiração.


AUTOR – MILTON PEREIRA DE BRITTO.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


CLERICAL OPUS I

Oh Maria
Concebida com pecado
Vinde a mim
Numa ascensão erótica
Rogai por nossos holocaustos
Amorosos
Bendita seja a hora
Universal
Do nosso beijo
Deixai à mostra
As puras carnes brancas
Que vos contornam
Na afirmação do belo
Iluminai o leito
Com este vosso olhar
Fala-me de tudo
Que vos diz respeito
E encosta junto à mim
A vossa mão bendita
Deixando-me silente
Em meditação
Que seja a vossa ausência
Todo o meu martírio
E os versos que vos lego
A nossa oração
E no momento tremulo
Do vosso prazer
Não me deixeis cair
Em letargia
Livrai-me do mal
De não vos ter
Amem.


Rio de Janeiro, 1968.

PRAÇA DA MATRIZ

(Do Livro Cronicidade – Capítulo – Filhos da Princesa).

Ainda me lembro das quermesses instaladas na praça a distribuir prêmios nos jogos inocentes de janeiro, dos autos-falantes a anunciarem as músicas dedicadas aos namorados que muitas vezes não se identificavam, a dizer – “de alguém para alguém, oferece esta página musical “Beija-me Muito”, na voz vibrante de Roberto Luna”. Jogos de Argola, Tiro ao Alvo, Sorteios, Pau de Sebo que a meninada subia para pegar o prêmio que se encontrava na parte mais alta, Parques de Diversão com seus Carrosséis, Cavalinhos, Montanha Russa, Carrinhos elétricos, vendedores de Taboca, Algodão Doce, Quebra-Queixo, a Limonada e o Guaraná, Alferes e Pirulito, tudo se praticava naquele mês em comemoração a Senhora Santana. Havia tempo para a Reza e o Sermão do Padre. Muitas cadeiras eram levadas pelos moradores da redondeza para sentarem e esperarem pelo caminhar tocante das Filarmônicas que vinham da rua Direita em direção à Praça, com os seus Dobrados e Marchas, para se instalarem no Coreto executando as musicas carnavalescas, enquanto os jovens circulando em torno deste, paqueravam, jogando confetes e serpentinas nos cabelos longos e bonitos das lindas donzelas, complementando com os esguichos dos Lança-Perfumes, que alguns incautos usavam no lenço para o “porre”. Havia uma disputa entre as Filarmônicas 25 de Março, Vitória e Euterpe. As preferências eram múltiplas e a expectativa de uma boa apresentação era aguardada com ansiedade. Isto acontecia à noite. Durante o dia era a organização da Lavagem da Igreja e da Levagem da Lenha, tradições seculares que os homens sepultaram sob a alegação de serem festividades profanas que geravam violências. No meu tempo assisti muita alegria e brincadeiras inocentes, homem vestido e caracterizado de mulher e vice e versa, com uma bandinha de músicos a animar, sendo a mais cantada “Pé dentro, Pé fora, Quem tiver pé pequeno que vá embora”. Jegues, carroças, cavalos, bicicletas, seguiam na frente e antecipando as festividades de um pré-carnaval. Muitas garotas conquistavam-se e tantas por conquistar. As famílias se reuniam e conversavam de tudo, mas havia a alegria do encontro mesmo com muitos desencontros. Éramos irmanados pela amizade e pelo respeito. Amávamos com a mesma dedicação ao Deus professado, sem submissão, porque devemos ser todos iguais e seguiam a orientação Bíblica – “Amai-vos uns aos outros como vos amei”. Hoje se ama a um Deus com fanatismo não importando o próximo que é ser menor e por isto não há compromisso com a fraternidade. Dizem – “Amo somente a Ti Senhor”. Está havendo um equívoco na pregação que tem beneficiado somente o pregador que se diz o enviado, acumulando riquezas incomensuráveis a se construir babilônias em nome de Jesus. É tempo de nos amarmos tanto quanto ao Senhor, com menos pompa, com menos templos suntuosos, com mais humildade, porque o maior abrigo é o coração benevolente de cada um de nós. Vamos ao “status quo ante”, enquanto há tempo.

Dezembro de 2009.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

LANÇAMENTO DO LIVRO O EU SOFRIDO


REUNIÃO NO GEORGE AMÉRICO













ABERTURA DO ANO LEGISLATIVO


Chefe do Serviço Jurídico do Município, assumindo a Procuradoria Geral tendo como subordinados 22 Procuradores, dividindo o serviço e criando a Assistência Jurídica para os necessitados – com a denominação de “Defensoria Municipal”, tendo elaborado o Plano de Carreira do Magistério, considerado o melhor do Estado, bem como o Plano de carreira do Servidor com muitas vantagens para os mesmos, que o governo seguinte aproveitou para compilar na Lei Complementar 01.

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CAPÍTULO X

Em 1989, desenvolvendo atividade intelectual, como poeta e membro da Academia Feirense de Letras, faço o lançamento do meu livro – O EU SOFRIDO, coletânea de poesias escritas desde o ano de 1959, em noite de autógrafo, bem concorrida, no CHEF LOUIS – restaurante da elite de Feira de Santana.

sábado, 9 de janeiro de 2010

UMA HISTORIA A SER RECONTADA


UM INTERVALO PARA FALAR UM POUCO DA HISTÓRIA DA MUSICA POPULAR BRASILEIRA.



Assisti a Mini Série DALVA & HERIVELTO, um dramalhão a ser refeito para melhor informar à sociedade brasileira sobre os verdadeiros fatos da história, senão “ipisis litteris”, mas próximo da verdade. Começando com uma análise crítica temos que a atriz escolhida não fez jus ao papel, pois parecia mais uma “múmia paralítica”, com gestos de principiante “canastrona”, dando a entender que Dalva era uma retardada que não sabia encenar nem interpretar. Depois puseram nos papeis de Francisco Alves (o Rei da Voz) outro canastrão desprovido de voz e assim foi com Orlando Silva (O Cantor das Multidões), Linda Batista, Emilinha Borba e outros. No que tange aos papeis de Ataulfo Alves e Grande Otelo, menos mal.

Vamos aos fatos: Dalva de Oliveira foi uma das componentes do famoso e saudoso Trio de Ouro que viveu momentos áureos na época denominada “Época de Ouro da Musica Popular Brasileira” e dividia esta glória com Herivelto Martins um dos maiores compositores de nosso país. Inicialmente, em 1937, Herivelto junto com Nilo Chagas fundaram a Dupla “Preto e Branco”. Em 1938 Herivelto conhece Dalva e formam o Trio de Ouro, assim batizado pelo grande radialista Cezar Ladeira que era casado com Renata Fronzi artista do cinema brasileiro, que tinha programa na Rádio Mayrink Veiga e posteriormente passou a dividir o sucesso com Cezar de Alencar, Manoel Barcelos e Paulo Gracindo, na Rádio Nacional que tinha a maior audiência no país, em programas que eu participei como cantor na década de 60. A primeira gravação do Trio tinha uma faixa com a composição de Herivelto – “Na Bahia” um samba-jongo em parceria com Humberto Porto, que abriu a porta do sucesso para o conjunto. Em 1938 são contratados pela gravadora Odeon, gravando com Carmem Miranda. Em 1939 são contratados pela Radio Clube do Brasil, gravam Praça XI e Ave Maria no Morro, composições de Herivelto e se consagram. Em 1942 são contratados pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Participaram de vários filmes nacionais. Em 1949 o Trio foi desfeito, na Venezuela, quando já estavam separados Dalva e Herivelto, sendo convidada Noemi Cavalcante para substituir Dalva levando o Trio a ser vaiado na sua primeira reapresentação, embora tenha esta fase durado dois anos. Desfazendo-se, Nilo Chagas segue em dupla com Noemi e depois carreira solo, surgindo Raul Sampaio outro bom compositor para o vocal com a brilhante voz de Lourdinha Bitencourt esposa de Nelson Gonçalves que morava no Edifício Sevilha na Avenida Atlântica no 5º andar enquanto eu morava no 3º em companhia de Marivone da Rosa Medina proprietária da Boite Jirau onde se apresentava Dolores Duran, Ribamar, Ted Moreno, Tito Madi e outros e eu na Boite Michel e Lê Rond Point. Recomposto o Trio, volta ao sucesso. O drama apresentado até a data do acidente de automóvel que eu presenciei junto com Altemar Dutra, Silvio Cezar e Rildo Hora quando o carro passou em alta velocidade pela Av. Nossa Senhora de Copacabana numa madrugada que o tempo levou e nós estávamos na Porta do Lê Rond Point onde eu cantava e Altemar fazia os intervalos de Helena de Lima na Boite Cangaceiro, até ali é uma versão distorcida. Os fatos narrados após o acidente se coadunam com a verdade. Dalva realmente se envolveu com o garçon que passou a ser seu motorista e que estava dirigindo o veículo no dia do acidente embora tenha atribuído a direção à cantora pensando que ela havia falecido. Eles brigavam no interior do veículo e no acidente atropelaram várias pessoas que se encontravam na Igreja que ficava na saída do Túnel Novo de Copacabana para o bairro do Botafogo. Dalva ficou com muitas seqüelas levando-a à morte pouco tempo depois.

A cantora teve muitos envolvimentos amorosos, o que era natural para o meio artístico, como também Herivelto. Ambos foram por demais liberais. A briga dos dois ensejou composições musicais belíssimas, vez que o amor é a maior fonte de inspiração do poeta. Dalva foi numa excursão com o Trio para a Venezuela com a Companhia de Dercy Gonçalves, não tiveram sucesso, Herivelto retorna ao Rio deixando os demais componentes (depoimento da Dalva no Museu da Imagem e do Som). Nilo volta com dinheiro que tomou emprestado e fica Dalva com o Maestro Vicente de Paiva na Venezuela, apresenta-se em Casas Noturnas e Restaurantes ao Ar Livre, ganha algum dinheiro e vai para o Norte, Belém do Pará, volta para o Rio e consegue gravar na Odeon após um desafio de Vicente de Paiva então Diretor artístico, com o Diretor Geral que impôs – “Se fizer sucesso você será promovido e se Dalva fracassar você perde o emprego”. Foi um Sucesso com a musica “Tudo Acabado” composição de J. Piedade e Oswaldo Martins. Pouco tempo depois conhece Roberto Inglez que era um maestro, nos anos 50, com quem se casou e foram para a Argentina se apresentando em Buenos Aires e excursionando por diversos países, com sucesso durante aproximadamente oito anos, antes de retornar ao Rio de Janeiro, Capital da República, para viver os seus últimos momentos como relatou a parte final da Mini-Série.

Herivelto não foi aquele canalha que se pintou. Eu o conheci como presidente da SBACEM – Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores, no Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, quando lá fui para registrar uma das minhas composições. A ultima apresentação do Trio foi no aniversário de 80 anos de Herivelto. Foram duas pessoas conflitantes, mas acima de tudo, dois grandes valores da Musica Popular Brasileira. Os dois filhos do casal – Pery Ribeiro é Cantor consagrado; Ubiratan foi Diretor da TV Globo já falecido.