quinta-feira, 25 de julho de 2013

Rio de Janeiro, 25 de abril 2013. Querida filha Magda, Conforme previsto, chegamos à Cidade Maravilhosa. O trânsito Feira/Salvador, como de costume, nestes últimos anos, tem sido um transtorno, com os pequenos reparos na pista da BR 324, causando engarrafamentos imensos, justificando uma viagem para Salvador, com antecedência mínima de três horas, para não perder o voo. No aeroporto, em um país como o nosso, sem terrorismo, nos deixa perplexo, pelo tratamento grosseiro que nos é dispensado, vez que, nos obrigam a passar por um detector de metal, colocar toda a bagagem em uma esteira, com equipamento de vistoria e somos compelidos a depositar em uma caixa – relógio, pulseira, chaves, moedas, cinturão, bolsa, carteira, e achando pouco, humilhando-nos, determinam que retiremos os nossos sapatos. Tenho a impressão que esses apetrechos estão constituídos em armas perigosas, colocando em risco a aeronave, tripulação, passageiros, e quem sabe, as torres gêmeas, que ainda não construímos. Felizmente, embarcamos, não havendo constrangimentos na chegada. Fomos direto para o Hotel Regina, que fica na Rua Ferreira Viana, no Bairro do Flamengo, escolha que fiz por ter residido neste logradouro por oito anos, no prédio de número 56, bem próximo da atual hospedaria. Constatei a tranquilidade que reina na rua de muitas saudades, por onde andei indo e vindo de uma vida artística prazerosa, que pude aproveitar, muito embora, por pouco tempo. Lembrei-me das minhas andanças pelo Largo do Machado e fiz uma visita a Igreja, caminhando por todo o largo, que abriga uma diversidade de pessoas que demonstram tranquilidade, com uma população de idosos, que nos indica boa qualidade de vida. No Hotel, a recepção é boa, bastante agradável, o que nos deixa confortados. Aproveitamos a tarde para um passeio pelo jardim do Palácio do Catete, sede de governos, que registrou a morte de Getúlio Vargas, nos idos de 1954. O outrora Paço da República conserva em suas instalações, lembranças daquele que foi cognominado “Pai dos Pobres”, exibindo a cama onde se deu o provável suicídio do caudilho, sua mesa de trabalho e outros objetos. Para esta visita paga-se uma taxa de oito reais. Em compensação a visita pelo jardim é aberta ao povo, sem ônus, permitindo verdadeiro lazer, com bancos, para o repouso, com leituras e meditações. A caminhada, que ai fizemos, transformou-se em verdadeiro exercício físico e mental. Amanhã, programamos, eu e Eva, uma visita ao bairro de Ipanema e Leblon. O foco é a Praça Nossa Senhora da Paz, último reduto da boemia carioca, do romantismo, aos versos despretensiosos do movimento da Bossa Nova, cujos trechos não foram medíocres, pela intervenção do Poeta Vinícius de Moraes. Vou ver o que restou do Restaurante Cabana e do Boliche de Mario Prioli, ao lado da Igreja, de muitas noites vividas. Aproveito para lhe mandar algumas fotografias. Beijos, extensivos a Yole, querida caçula, orgulho da nova geração de nossa família.