(Do Livro Cronicidade – Capítulo – Filhos da Princesa).
Ainda me lembro das quermesses instaladas na praça a distribuir prêmios nos jogos inocentes de janeiro, dos autos-falantes a anunciarem as músicas dedicadas aos namorados que muitas vezes não se identificavam, a dizer – “de alguém para alguém, oferece esta página musical “Beija-me Muito”, na voz vibrante de Roberto Luna”. Jogos de Argola, Tiro ao Alvo, Sorteios, Pau de Sebo que a meninada subia para pegar o prêmio que se encontrava na parte mais alta, Parques de Diversão com seus Carrosséis, Cavalinhos, Montanha Russa, Carrinhos elétricos, vendedores de Taboca, Algodão Doce, Quebra-Queixo, a Limonada e o Guaraná, Alferes e Pirulito, tudo se praticava naquele mês em comemoração a Senhora Santana. Havia tempo para a Reza e o Sermão do Padre. Muitas cadeiras eram levadas pelos moradores da redondeza para sentarem e esperarem pelo caminhar tocante das Filarmônicas que vinham da rua Direita em direção à Praça, com os seus Dobrados e Marchas, para se instalarem no Coreto executando as musicas carnavalescas, enquanto os jovens circulando em torno deste, paqueravam, jogando confetes e serpentinas nos cabelos longos e bonitos das lindas donzelas, complementando com os esguichos dos Lança-Perfumes, que alguns incautos usavam no lenço para o “porre”. Havia uma disputa entre as Filarmônicas 25 de Março, Vitória e Euterpe. As preferências eram múltiplas e a expectativa de uma boa apresentação era aguardada com ansiedade. Isto acontecia à noite. Durante o dia era a organização da Lavagem da Igreja e da Levagem da Lenha, tradições seculares que os homens sepultaram sob a alegação de serem festividades profanas que geravam violências. No meu tempo assisti muita alegria e brincadeiras inocentes, homem vestido e caracterizado de mulher e vice e versa, com uma bandinha de músicos a animar, sendo a mais cantada “Pé dentro, Pé fora, Quem tiver pé pequeno que vá embora”. Jegues, carroças, cavalos, bicicletas, seguiam na frente e antecipando as festividades de um pré-carnaval. Muitas garotas conquistavam-se e tantas por conquistar. As famílias se reuniam e conversavam de tudo, mas havia a alegria do encontro mesmo com muitos desencontros. Éramos irmanados pela amizade e pelo respeito. Amávamos com a mesma dedicação ao Deus professado, sem submissão, porque devemos ser todos iguais e seguiam a orientação Bíblica – “Amai-vos uns aos outros como vos amei”. Hoje se ama a um Deus com fanatismo não importando o próximo que é ser menor e por isto não há compromisso com a fraternidade. Dizem – “Amo somente a Ti Senhor”. Está havendo um equívoco na pregação que tem beneficiado somente o pregador que se diz o enviado, acumulando riquezas incomensuráveis a se construir babilônias em nome de Jesus. É tempo de nos amarmos tanto quanto ao Senhor, com menos pompa, com menos templos suntuosos, com mais humildade, porque o maior abrigo é o coração benevolente de cada um de nós. Vamos ao “status quo ante”, enquanto há tempo.
Dezembro de 2009.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
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