quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

FRASES




"EU TENHO SAUDADE DO QUE NÃO VIVI. TENHO SAUDADE DE LUGARES AINDE NÃO FUI E DE PESSOAS QUE NÃO CONHECI. TENHO SAUDADE DE UM TEMPO QUE NÃO VIVENCIEI, LEMBRANÇAS DE UM TEMPO QUE, MESMO SEM FAZER PARTE DO MEU PASSADO, MARCOU PRESENÇA E DEIXOU LEGADO. ESSE TEMPO, QUANDO A PALAVRA VALIA MAIS DO QUE UM CONTRATO, QUANDO A DECÊNCIA ERA RECONHECIDA PELO OLHAR,, QUANDO AS PESSOAS NÃO TINHAM VERGONHA DA HONESTIDADE, QUANDO A JUSTIÇA CEGA NÃO SE VENDIA NEM ESMOLAVA, ONDE RIR NÃO ERA APENAS UM DIREITO DO REI... AH, ESSE TEMPO EXISTIU, EU SEI. TEMPO DE CARÁTER, LEALDADE, ESCRÚPULOS. TEMPO DE VERDADE, AMIZADE, RESPEITO AO PRÓXIMO. AMOR AO PRÓXIMO. TENHO SAUDADE DO TEMPO EM QUE A JUSTIÇA ERA RESPEITADA PORQUE ERA ACREDITADA. ACIMA DE TUDO. AUTORIDADE MÁXIMA DO DEVER. ZELADORA DOS DIREITOS. SEM VERGONHA DE SER O QUE É, DE APONTAR O QUE FOSSE DESDE QUE FOSSE O JUSTO, O CORRETO, O VERDADEIRO". (RUI BARBOSA). "O HOMEM SEM INSTRUÇÃO É O CARRASCO DE SUA PRÓPRIA NAÇÃO"
(MILTON BRITTO).

ZÉ LIMEIRA - O POETA DO ABSURDO

O Marechal Floriano
Antes de entrar pra Marinha
Perdeu tudo quanto tinha
Numa aposta com um cigano
Foi vaqueiro vinte ano
Fora os dez que foi sargento
Nunca saiu do convento
Nem pra lavar a corveta
Pimenta só malagueta
Diz o Novo Testamento!

Pedro Álvares Cabral
Inventor do telefone
Começou tocar trombone
Na volta de Zé Leal
Mas como tocava mal
Arranjou dois instrumento
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três
Quem tem razão é o freguês
Diz o Novo Testamento!
(...)

Quando Dom Pedro Segundo
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e o mundo
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento
Teve um dia um pensamento:
“Tudo aquilo era boato”
Oito noves fora quatro
Diz o Novo Testamento!

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

https://soundcloud.com/milton-britto

ESTE É O MEU LINK PARA AS MINHAS GRAVAÇÕES

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

DILERMANDO REIS



Dilermando Reis (Guaratinguetá, 22 de Setembro de 1916 – Rio de Janeiro, 2 de Janeiro de 1977) foi um violonista e compositor do Brasil, considerado por muitos o violonista mais influente do Brasil. Foi professor de música da filha do presidente Juscelino Kubitschek.[1] . Gravou diversos discos com gêneros variados como choro, valsa, repertório de violão clássico, entre outros. Trabalhou na Rádio Clube do Brasil e na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Dilermando Reis - Sons de carrilhões (1968)

Waldir Azevedo - Pedacinhos do céu (chorinho - 1968)

Jacob do Bandolim - Lamentos (1967)

Dolores Duran - A noite do meu bem (1959)

SOBRE DOLORES DURAN


Eu tive a felicidade de viver esta época e conviver musicalmente com o mundo da música da década de 50/60, época de ouro da nossa música.

Por Toda Minha Vida - Dolores Duran (parte 3)

domingo, 19 de julho de 2015

"UM PEQUENO COMENTÁRIO SOBRE A MPB E A “BOSSA NOVA”





Cheguei ao Rio de Janeiro em abril de 1961, saindo de Feira de Santana-Ba., para uma excursão em algumas cidades baianas com um Grupo Musical, interpretando o repertório da MPB estilo romântico. Em Jequié-Bahia, decidimos – vamos para o Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, é o nosso destino artístico. Não tínhamos qualquer notícia de movimento de Bossa Nova. Fui eu, - cantor e violonista, Carlos Santiago – cantor e Silvio Moreno – exímio violonista. Vinte dias depois de me apresentar no Dancing Avenida, levado por Jamelão, eu era contratado pela Boate – Claudiu´s Bar, na Galeria Ritz, em Copacabana. Ali se apresentavam Arlindo Borges e José Evandro – ambos saídos dos Vocalistas Tropicais. Tive oportunidade de vivenciar a noite carioca em toda a sua plenitude, conhecer dezenas de artistas consagrados e posso dizer que não havia qualquer movimentação de Bossa Nova. No Beco das Garrafas havia grandes Shows com Johnny Alf e Leni Andrade que cantavam Bossa sem menção do nome Bossa Nova. Era um estilo que misturava Jazz com arranjos dissonantes, incluindo na turma Luizinho Eça, Bossa Trio, Zimbo Trio, Lucio Alves e outros poucos. Havia na Zona Sul uma predominância da musica romântica, dor de cotovelo. O cantor tinha que ter voz e interpretação de qualidade, e todos eram submetidos a testes de avaliação para serem contratados. Cantei na Rua Fernando Mendes no Bar Michel e no Le Rond Point, enquanto Altemar Dutra fazia os intervalos de Helena de Lima no Cangaceiro, com Rildo Hora e Conjunto. Era Grande o Show. Casa Cheia. Anos depois, acredito em 1964 mais ou menos fundaram a Boate Zum Zum (Aloísio de Oliveira) na Rua Barata Ribeiro, único reduto do movimento que passava a ser conhecido por – Bossa Nova, encabeçado por Vinícius de Morais e Baden Pawel, depois Oscar Castro Neves, Quarteto em Cy e mais adiante Toquinho. O espaço para esta turma era pequeno. Lembro-me quando Vinicius num momento raro de infelicidade disse – eles é que têm que vir a nós, - referindo-se ao público. Não conseguiram porque era um movimento elitista, diminuto de “filhinhos de papai de família nobre da Zona Sul, a maioria de Ipanema - Americanófilos. Não resta dúvida que surgiram grandes nomes como – João Gilberto, Tom Jobim, Baden, Toquinho, Sergio Mendes, Menescal, Bôscoli, e Vinicius que era o pai de todos eles. Cantei muitas vezes na Boate Plaza – quarta feira – Clube do Disco e quinta feira – Clube do Cinema. Das quarenta e quatro (44) casas noturnas em Copacabana mencionadas no Livro “Chega de Saudade” de Ruy Castro”, nenhuma apresentava Bossa Nova, pelo menos nos anos 60. Sou testemunha viva. Ele inclusive omite a única Boate com este estilo de música que era - Zum Zum. Aliás, ele omite o Bar Michel na Fernando Mendes e localiza equivocadamente o Rond Point que era na esquina com N.S. de Copacabana colocando-o no meio da Rua Fernando Mendes. Carlinhos Lira e Marcos Vale são compositores e nunca foram cantores. O pior é que pensam que são. Miéle cantor?... – é uma piada. É preciso reescrever a história da musica popular brasileira, dimensionando o que é bom e o que é ruim, destacando os verdadeiros músicos, compositores, cantores, não se podendo olvidar – Ari Barroso, Pixinguinha, João de Barro – o Braguinha, Lupicinio Rodrigues, Cartola, Nelson Cavaquinho, Jacó do Bandolim, Valdir Azevedo, Dilermando Reis, Silvio Caldas, Orestes Barbosa, Orlando Silva – o Cantor das Multidões, Nelson Gonçalves, para falar de alguns ícones da MPB, sem contar com centenas de artistas que passaram pelas noites cariocas e paulistas com influência para todo o Brasil. Não cometam o crime de colocar como divisor de águas um estilo musical de influencia alienígena, principalmente americana do norte que tem sido a grande desgraça em nossa cultura.

Este é um pequeno comentário e uma contribuição, espero, para aqueles que pretendem e escrevem a história de nossa musica.

Milton Brito – cantor, compositor, poeta, escritor, musico com várias publicações e gravações, e desde a década de 80 - advogado de profissão, bem sucedido em sua formação.

Maio de 2010.

segunda-feira, 22 de junho de 2015


PRAIA DE ITAPOÃ

A ULTIMA SERENATA



Início da década de 50, Itapoã era um bairro da cidade de Salvador, com predominância de pescadores como moradores, com muitas casas cobertas com palhas entrelaçadas, tendo como transporte um carro reboque da Base Aérea que permitia o acesso aos civis que se deslocavam para outros bairros da orla e em direção até a cidade baixa ida e volta. Era o lugar ideal para se veranear, pelas belas praias ali existentes e pelo sossego oferecido a quem buscava a tranquilidade e recreio familiar.
Em 1952 fui estudar no Colégio Ipiranga, localizado na Ladeira do Sodré, cujo estabelecimento ocupava a antiga residência da família do Poeta Antônio Frederico de Castro Alves. Interno, nas horas vagas, comecei as primeiras aulas de violão, por ser amante da musica e gostar de cantar. Durante as férias de final de ano, que se prolongava nos meses de janeiro e fevereiro, indo até o início de março, eu seguia para Itapoã, onde se encontrava a minha família em casa alugada para o veraneio. O que mais nos agradava era quando chegava a noite enluarada, para sentarmos na beira da praia cantando ao som do plangente violão – “Prece ao Vento” e outras. Começava ali o que denominávamos de serenata.Em 1956, de volta à cidade de Feira de Santana, residência da minha família, retomei os estudos secundários no Ginásio Estadual, formando um bom grupo de amigos, principalmente, amantes da musica, quando passamos a promover serenatas nas noites de lua cheia, em frente as casas de namoradas ou enamoradas por cada um do grupo. Foram muitas, até quando resolvi seguir para o Rio de Janeiro como profissional, atuando em Boates, Bares, Teatros, Rádios, Televisões e outras casas de shows.Em 1958, deixei a música como profissional,,retomei os estudos e me transformei em professor de filosofia e francês, ainda no Rio,, indo para Belo Horizonte em 1973, prestando vestibular para a Faculdade de Direito, sendo aprovado, tornei-me Advogado, retornado à Cidade Princesa do Sertão.O ambiente era outro. Não mais a liberdade de outrora de sairmos pelas noites com o violão embaixo do braço a cantar em frente às janelas de lindas donzelas. Foi quando por convite de um grande amigo fomos para uma cidade do interior denominada Itaquara, onde ainda havia um ambiente para uma linda e prolongada serenata, que fizemos nos despedindo do evento mais poético que já vivi, porque tudo mudou, o romantismo acabou e os nossos sonhos já não são os mesmos.Para lembrar aquelas duas noites inesquecíveis, devo relatar que no meio da rua nos acomodamos com bebidas e violão a nos acompanhar em melodias que não se escreve mais, porque se instalou a mediocridade e a imbecilidade no povo.
Começamos com - “Abre a janela e vem ouvir a voz plangente de um violão que junto a mim chora comigo, abre a janela e vem ouvir o soluçar de quem na vida só por ti vivi a sonhar. Assim cantando vou seguindo o meu caminho, para iludir a minha alma dolorida, assim cantando fujo da realidade, pois nela eu sei que não há felicidade...”.
Foram muitas canções que trago ainda hoje na lembrança da minha última serenata. 1983.



quinta-feira, 4 de junho de 2015

https://www.youtube.com/watch?v=NEXsH6NZvXI&list=RDNEXsH6NZvXI

sábado, 9 de maio de 2015

CARTA PARA MIUM - DO LIVRO CARTAS NÃO REMETIDAS


Feira de Santana, 09 de maio de 2015.

Amigo Mium,

Tardiamente escrevo-lhe estas linhas pela necessidade de transmitir-lhe os meus sentimentos diante do que a vida nos surpreende, na maioria das vezes com aviso e outras sem nos dar satisfação, porque o tempo é cruel e egoísta. Só ele não passa. Passamos nós, em curto prazo, se compararmos ao tempo que o tempo tem.
Doente ainda, em recuperação de três cirurgias a que fui submetido, depressivo, várias vezes você me visitou para confortar-me, demonstrando a força espiritual que você possuía, mesmo estando em situação de enfermidade grave. Eu que deveria lhe consolar e confortar com algumas palavras, era você que me dava forças para seguir. Eu deveria ter-lhe visitado e não o fiz, na minha fraqueza dupla, ora pela depressão, ora por querer guardar a sua imagem sem o abatimento físico, imposto por esta doença horrível que lhe sacrificou, tirando-lhe do nosso convívio tão cedo. Falamos-nos por telefone diversas vezes e não percebi em você um momento sequer de fraqueza ou de desespero. Ouvia a esperança do encontro e do reencontro para as nossas conversas e momentos musicais, como vivenciamos por muitos anos.
Você foi o amigo irmão. Aquele que jamais decepcionou. Ao contrário presenteava-me com a sua presença sempre alegre e contagiante, plantando e espalhando amizade por onde andou.
As músicas do seu repertório, como “Começaria tudo outra vez” ou “Medo da Chuva”, jamais serão esquecidas na sua voz e interpretação inigualáveis. Ainda bem que tive a felicidade de gravar em CD o seu cantar. Espalharei entre amigos o CD que fizemos para homenagear Gelivar Sampaio, onde você se destaca, para que fique na eternidade dos que sobreviverem por muitos anos.
Guardarei na lembrança, em álbuns e na minha memória a sua presença, como a de um amigo que fez parte integrante de minha vida e da minha família.
Suportando a dor da perda, acompanhei o seu corpo, esta matéria finita até o cemitério e ali pude ver e saber que se encontrava os restos mortais de seu querido pai – Dimas – “Pajé”, como era conhecido carinhosamente. Por coincidência soube que você partiu na data em que completou 21 anos de sua passagem para o além. A sua fisionomia se apresentava tranquila, bonita, como quem dorme o sono dos justos.
Até breve, querido amigo. Que a energia que rege este universo possa nos abrigar e confortar para uma nova etapa.
Adeus.
Do amigo,
Milton.




MILTON E MIUM NA FAZENDA ALTO DA MARAVILHA

quarta-feira, 6 de maio de 2015

PORQUE HOJE É SABADO














Hoje, exatamente às 19h25, fui até a varanda de minha casa, para fazer a caminhada diária, recomendada pelo médico, para tratamento fisioterapeuta pós-cirúrgico. Levantei a cabeça, olhei para o céu e deparei com uma lua cheia, brilhante, daquelas que abrem as veias de qualquer poeta. Sexta-feira, véspera de sábado que é o dia da boemia, do recreio e dos encontros planejados, (pelo menos era nas décadas de 50/60), ai lembrei-me do poetinha que vivenciava todas as alegrias e curtições “porque hoje é sábado”.
O sábado era o dia do encontro com os amigos, era o dia da pelada, do baba, do encontro com a namorada para o beijo e o abraço, fonte de inspiração. Após as 22h00 a gostosa serenata pelas ruas e avenidas silenciosas, pacatas e humanas, que o plangente violão se mostrava ao acompanhar a voz do cantor apaixonado.
“A lua vem surgindo cor de prata, no alto da montanha verdejante, a lira do cantor em serenata, reclama na janela a sua amante...”.
Repeti muitas vezes estes versos de Freire Junior, gravado em disco pelo “Rei da Voz” Francisco Alves, que gravou mais de mil músicas em disco de 78 rotações, hoje esquecido pela mídia que controla a mente tacanha de um povo inculto e imbecilizado.
Sábado, pela manhã o futebol, à tarde o descanso, à noite, logo cedo, o encontro com a namorada. Noite de lua cheia, a serenata era o ponto de partida para a boemia que normalmente terminava na “Casa de Lindaura” ou no “125”, nos braços aconchegantes de lindas mulheres.
Muitos dos meus amigos, quase todos, partiram, desencarnaram, foram para outro plano. Os costumes mudaram, o romantismo acabou e a musicalidade plena de poesia ficou no passado longínquo. As janelas já não abrigam a expectativa do encontro, as portas não se abrem. Estamos gradeados, com cercas elétricas nos guarnecendo dos possíveis assaltos de criminosos que a sociedade desorganizada fabrica todos os dias. Somos uma comunidade enjaulada, sem música, sem poesia, sem literatura, à mercê de uma programação degenerativa dos costumes patrocinada pela Rede Globo, que conseguiu destruir o conceito de família.
Amanhã não poderei mais dizer – vou ao encontro dos amigos e dos amores, porque hoje é sábado.
Feira, 03.04.2015.

domingo, 3 de maio de 2015

Salvador, 12 de novembro de 1952.



Querido Pai,


Hoje, completo quatorze anos de idade, e embora eu tenha nascido em Cachoeira, o senhor me registrou com o equívoco do mês, no Cartório de Feira de Santana, declarando em meu nascimento o mês de dezembro que é o mês de nascimento do mano Edinho, pequena confusão sem muita importância. Não recebi nenhum presente, o que não estranho porque não se cultivou este hábito em nossa família, embora eu ache importante. Sei que este comportamento vem de seus pais, pelos seus costumes agrestes de quem vive no meio rural a labutar com a terra e com os animais. Sei também da sua labuta de homem responsável e honesto tentando sobreviver nesta selva de humanos que se digladiam no afã de possuírem cada vez mais bens de consumo e riquezas, nesta disputa desleal onde vencem os mais espertos que trapaceiam divorciados dos princípios morais. Para quem não tem uma profissão definida, com formação universitária e é desprovido dos artifícios da atividade mercantil, é deveras difícil. Desta vez o Diretor do Colégio permitiu a minha saída para a missa na Igreja da Piedade e após o ato religioso, vou de bonde para o Porto da Barra, tomar um banho de mar. Tenho alguns trocados ainda daqueles cinco mil reis que o senhor me mandou. Não dá para um almoço, mas não tem importância, comerei um belo de um sanduíche acompanhado de um “copão” de vitamina de banana com Neston e Nescau, depois, comerei alguns pães e mato a fome. Vou tentando levar a vida como ela é ou como se apresenta e por certo sairei daqui com alguma experiência para enfrentar as intempéries futuras. Não se preocupe. Espero nas férias poder estar com a família em Itapoan, afinal, dos seus filhos, nós, do primeiro casamento seu, ficamos separados: – Landa em Salvador com as Bandeirantes, Edinho em Lustosa interno e eu aqui na Capital também interno por vontade da madrasta, no Colégio Ipiranga. Que seja assim. O futuro, com sua sabedoria nos reservará destino melhor, tenho certeza, porque somos bons.

PS.: Os cinqüenta cruzeiros que o senhor me mandou para o reforço escolar, aproveitei parte dele para dar inicio as aulas de Capoeira com Mestre Bimba e Jiu Jtisu com Valdeck Veloso, aluno de René Bastos, um dos maiores lutadores da Bahia, para defesa pessoal, vez que preciso evitar abusos de alguns colegas maiores, maus de comportamento. A economia que faço dá para tudo.

Peço-lhe a benção.

Do seu filho,
Milton.

Publicada em maio de 2011.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

CARTAS NÃO REMETIDAS


Detre os diversos livros em composição há anos, publiquei cinco e outros cinco estão em elaboração. Destes, dois estão quase prontos, sendo que um deles - "CARTAS NÃO REMETIDAS", resolvi dar à luz a priori, através do meu blog, iniciando hoje a série.

Salvador, março de 1952.


Querido pai,


Estou eu aqui na Rua Chile, centro de todas as atenções dos soteropolitanos, por graça de uma concessão do diretor do Colégio, onde me encontro internado, por entendimento seu, que deve ter sido muito mais para me ver capacitado para a vida, através de estudos, do que por iniciativa de minha madrasta que pretende ver os seus filhos, frutos de matrimônio passado, longe do lar paterno. Agradeço a oportunidade e espero não decepcioná-lo, embora sinta uma saudade do convívio com os amigos comuns, nos meus jogos de bola nos campos e nas várzeas, das minhas bolas de gude jogadas nas ruas, das arraias empinadas, dos meus carrinhos de madeira e das patinetes roladas nos passeios da Rua São José, nesta Cidade Princesa. Logo mais irei ao cinema Pax, na Baixa do Sapateiro, logradouro público cantado em versos do grande compositor Ari Barroso. Vou assistir a um filme com Roy Roger, caubói americano, com seu cavalo branco perseguindo bandidos que por aqui só se vê nas telas do cinema. Tem também cenas curtas com o Gordo e o Magro, Os Três Patetas, para se dar muita risada. No Colégio estou me preparando para o exame de admissão ao ginásio. Tenho a estima da professora. O Diretor do Colégio, Dr. Ângelo Alves, filho do ilustre professor Isaias Alves, Diretor do Instituto Normal da Bahia, aparentemente rigoroso, tenta impor a disciplina entre os alunos e por vezes indefere as nossas saídas nos finais de semana, contudo, como querendo justificar a medida, vem para o campo jogar futebol conosco. Sempre me escolhe para jogar do seu lado pelo meu fácil domínio com a bola, como faz Admir Menezes, craque do Vasco da Gama do Rio de Janeiro e da Seleção Brasileira, com quem me compara os amigos, quando faço gol driblando os adversários. Vou levando a vida, escondendo a tristeza da falta de carinho de minha mãe que se foi tão cedo, acometida da doença de chagas. Procurarei ser um bom homem, justo, capaz de dar amor aos meus filhos, embora não tenha tido a oportunidade de receber. Perdoe-me as verdades que hoje posso dizê-las por estar longe da possibilidade de levar uma surra pelas revelações que faço e infelizmente não são consensuais.

Peço-lhe a benção.

Do seu filho,
Milton.

Publicada em abril de 2011.

segunda-feira, 30 de março de 2015

UM ALERTA QUE SE RENOVA.

UM GRITO DE ALERTA

Americanófilos convictos e fanáticos, vendilhões da pátria, sanguessugas dos cofres públicos, associados aos que nos doutrinam e impõem uma cultura alienígena de domínio, se juntam para tentar engabelar o povo desprotegido e aculturado, mormente, desde os idos negros de 1964, quando apearam do governo os patriotas nacionalistas. Destruíram a família, desestruturaram-na, organizaram uma sociedade segundo os padrões da conveniência dos exploradores do trabalho escravo, de gente mal remunerada, controlada por instituições dirigidas por nobres senhores, cuja honra ficou no passado dos seus antepassados, ou por pelegos que se locupletam com uma falsa representação ou representatividade, vinculados a corruptos governantes que os remunera através de convênios excrescentes que visa o apoio do voto nas eleições que são promovidas a cada dois anos. O regime democrático propicia o nascimento dos arautos do caos e o advento de defensores dos interesses escusos de cunho meramente pessoal, porque não lhes interessam uma sociedade livre, culta e nacionalizada. Estes, via de regra, não têm família sólida e se relacionam com a degradação e a prostituição dos costumes, gabando-se a cada dia de suas farrombas nos botecos, com uma cervejinha bem geladinha. Pobre Brasil, que não se liberta dos grilhões de exploradores de suas riquezas desde a sua ocupação pelos portugueses que não titubearam no extermínio dos donos da terra – os índios. O interesse maior dos nossos colonizadores são as nossas riquezas minerais, que, aliás, já entregaram quase toda. Restam-nos algumas migalhas, mas a sana dos incautos senhores do mundo é insaciável. Os Estados Unidos do Norte, nossos senhores e o Reino Unido, dão as cartas e as ordens, não permitindo que esta unidade corrompida e humilhada chamada América do Sul, possa sequer pensar. A saúde pública em nosso país está doente, na UTI, não tem médicos, hospitais ou unidades médicas que nos atendam. O Governo Central busca uma solução. Contrata médicos de outros países. Pode vir da America do Norte, mas de Cuba é heresia, é crime, por ferir o capitalismo feroz que nos subjuga. Se formos fracos e doentes somos presas fáceis. Então pra quê cuidar da saúde deste povo miserável?
Vem agora uma mobilização comandada, não se sabe por quem, que a imprensa não revela, e não se sabe o motivo. Estão nas ruas e querem, talvez, o impeachment da Presidente. Afinal as eleições se avizinham e o único meio da direita se apossar do governo é através do golpe contra o povo, como fizeram ao longo dos anos de existência desta sofrida República.
Só para relembrar:
Levaram Getúlio Vargas ao suicídio; mataram – Jango, Juscelino, Lacerda, Costa e Silva (este porque pensou em abertura em plena ditadura); Ullisses Guimarães desapareceu em acidente misterioso, Tancredo Neves morreu de repente de forma inexplicável e há uma nuvem negra sobre as doenças e mortes de diversos líderes, todos por contrariarem interesses Yanques. Fernando Collor sofreu impeachment porque não se subordinou ao império de um Congresso corrupto, que exigiu e exige do governo petista o mensalão para aprovação dos projetos de leis do Executivo, benéficos aos governados.
FERNANDO COLLOR
Absolvido criminalmente pelo Supremo Tribunal Federal em 1994. Em 2006, foi eleito senador - cargo que ocupa até hoje (dezembro de 2012) -, representando o estado de Alagoas.
PEDRO COLLOR
Morreu com 42 anos, em 1994, vítima de um câncer cerebral. A mãe, Leda, sofreu um AVC durante o auge da crise e ficou três anos em coma, até morrer, em 1995.
PC FARIAS
Condenado por sonegação fiscal, falsidade ideológica e outros crimes. Em 1996, em liberdade condicional, foi achado morto com a namorada - ambos baleados - em circunstâncias misteriosas.
OPOSITORES
"Estrelas" da CPI do impeachment acabaram passando de juízes a julgados, caso dos então deputados José Dirceu e José Genoíno, condenados no escândalo do Mensalão.
(Fonte – Revista VEJA; ISTO É e Jornais). Feira, novembro de 2014.

segunda-feira, 23 de março de 2015

ENTRE O MOÇO E O VELHO



Ruas cheias de mentes vazias
Homens e mulheres se encontrando
E se digladiando
Rumo ao nada.
A coisa nenhuma,

Abrigo de ilusões perdidas
Avenidas e Praças
Repletas de desencontros
Caminhados pela vida
Sem ida e sem retorno.

Enquanto isto
Trago comigo a dor da recusa
Da minha mocidade
Que fluiu tão cedo
E tão de repente.

Dói em mim
Saber que a juventude
E a energia, contidas.
Em meu corpo de segredo
Esvai-se desfigurando
A minha forma física
Sem clemência.

A minha sombra
Não me assusta.
Temo a minha figura
Refletida no espelho
Porque vejo em vão
Uma face que não possui o encanto
De Narciso, posto que, carcomida,
Pela implacável senilidade.

Dói saber
Que fui, que sou, e não serei.

Entre o moço e o velho serei o pó.


Feira, 14.05.2014.

segunda-feira, 16 de março de 2015

POEMA Nº 26

Eu prefiro um mundo
Sem deuses e sem mitos,
Sem crenças absurdas,
Sem idolatria;
Um mundo mais humano,
Mais inteligente, mais inteligível,
E que a crença cresça
No homem pelo homem
E cresça e desenvolva
Sem espaço vazio,
Sem imaginação caótica.
Eu prefiro um mundo
Sem deuses e sem mitos.
Que se desperte para a cosmologia
E a ciência seja o infinito
Dos mais cultos (já que não pode ser de todos).
Que seja menos fria
A mente do covarde,
E não se proponha deuses assassinos
E não se pinte belezas inexistentes.
Que se dissolva a ordem dos incultos
E criem-se soluções
Para as nossas realidades.
Eu prefiro um mundo
Sem deuses e sem mitos,
Sem perspectiva bíblica,
Sem opinião mentida,
Sem suposição,
Com base científica e mente filosófica,
Sem fome e sem demência,
Mas com solução.
Que as palavras
Ganhem os seus sentidos verdadeiros,
Plenos para a vida e para o homem.
Eu prefiro um mundo
Sem deuses e sem mitos
Mais humanizado.


(Poema publicado na Revista das Academias de Letras da Bahia), em 1998.