quarta-feira, 13 de julho de 2011

DA LIBERDADE SEM MEDO À LIBERDADE SEM EXCESSO.

No ano de 1967, em plena ditadura militar, com os novos rumos da música e da cultura em nosso país, com uma influência catequética, absurda, prevendo o processo de aculturação que se deu, comecei a me distanciar da clave de sol, dos bemóis e sustenidos, indo em direção a formação de uma intelectualidade que não se alcança, mas que é tentada. A esta altura eu já havia lido os maiores escritores e filósofos, da Grécia, Roma, Itália, França, Alemanha, União Soviética, Portugal e Espanha, sem contar os brasileiros. Lecionava na Paróquia da Glória, no Largo do Machado, no Rio de Janeiro, tinha ojeriza por americano e inglês, pela forma imperialista de conduzir o mundo, subjugando os mais fracos e despreparados. Buscava uma metodologia de ensino para os meus alunos, vez que eram os mesmos, a maioria, filhos de pais separados, cada um com um problema vivencial maior que o outro. Era uma missão nova que eu experimentava. Neste exato momento de minha vida, encontrei um livro que foi determinante para minha formação como mestre e como aluno que somos a vida toda, sempre aprendendo e nunca sabendo.

• O livro – LIBERDADE SEM MÊDO, de autoria do escritor escocês, Alexandre Neill, que conta a história de SUMMERHILL, uma escola implantada na Inglaterra, fundada por ele, que se transformou na maior experimentação do mundo na outorga de lúcido amor e aprovação à criança. Obra especialmente recomendada a educadores, pais e psicólogos. Ali, ele ensina como que a sua liberdade, que pode ser quase plena, esbarra na liberdade de outrem. Ou seja – você pode entrar na biblioteca, escolher qualquer livro para ler, menos o que eu estou lendo, não podendo também perturbar a minha leitura. Você tem o direito de construir a sua própria formação, mas não pode intervir diretamente na formação alheia, tem que respeitá-la.
Deduzimos que a liberdade é importante para a formação do indivíduo, mas o excesso é pernicioso e por vezes causa estragos irreparáveis.
É o que está ocorrendo em nossa sociedade, no presente momento, quando deparamos com o apoio irrestrito, em decisão plena da nossa mais alta Corte de Justiça do País, permitindo e autorizando “A Caminhada da Maconha” e das demais drogas, por viciados e traficantes, numa afronta ao nosso ordenamento jurídico. É a Apologia ao Crime. A quem interessa esta caminhada? ...; Como explicar que em nome da liberdade de expressão e de manifestação, pode-se ir às ruas para pregar a sublevação dos costumes, dos princípios morais e do direito? Como entender que uma Ministra, possa dizer que fomos cerceados durante 25 anos em nosso direito de expressão e que por conseqüência justifica a permissividade e a libertinagem em lugar da liberdade.
Noel Rosa exorta em sua musicalidade, os princípios do Positivismo de Auguste Comte, preponderante para formação da Repúlblica:

O amor vem por princípio, a ordem por base
O progresso é que deve vir por fim
Desprezastes esta lei de Augusto Comte
E fostes ser feliz longe de mim.

“Teus filhos não são teus filhos. São filhos e filhas da Vida, anelando por si própria. Vem através de ti, mas não de ti, e embora estejam contigo, a ti não pertencem. Podes dar-lhes teu amor, mas não teus pensamentos, pois que eles têm seus pensamentos próprios. Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas. Pois que suas almas residem na casa do amanhã, que não podes visitar sequer em sonhos. Podes esforçar-te para te parecer com eles, mas não procures fazê-los semelhantes a ti, pois a vida não recua, e não se retarda no ontem, tu és o arco do qual teus filhos, como flechas vivas, são disparados...”
“Que a tua inclinação, na mão do arqueiro, seja para a alegria”.
(KAHLIL GIBRAN).

É PRECISO DIFERENCIAR LIBERDADE DE LICENCIOSIDADE.

JUSTIÇA: Pobre justiça cega.
POVO: Infeliz o povo sem princípios morais, sem família, sem respeito humano, sem rumo e sem caráter, que abriga os arautos do caos.
É realmente triste caminhar em estradas tão divergentes.

Feira, 13 de julho de 2011.

MILTON BRITTO.

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