segunda-feira, 6 de agosto de 2018

IDEALISMO



        IDEALISMO


Quisera eu
Que tudo brotasse
Na terra que outrora
Não foi de ninguém.

Quisera
Que a fonte
Do pranto
Secasse
A mágoa
Acabasse
E existisse
Só bem.

Quisera
Que a vida
Não fosse
Perdida
Com tanta fadiga
Sem nada
Render.
Quisera                                                                      
Que os homens
De idéias
Formadas
Pr'os campos
Dos livros
Chegassem
A viver.

Quisera
A irmandade
De todos
Os povos
E os fogos
Da guerra
Não mais
Acendessem.

Quisera
A verdade
Na causa
Que fosse,
No campo
Que fosse,
Os direitos
Vencessem.

Quisera
A maldade
No canto
Dantesco,
No inferno
Grotesco,
Na chama
Da morte.

Quisera
O triunfo
De todas
As causas,
As causas
Formadas
Dos seres
Mais  cultos.

Quisera
O extermínio
De todos
Sofismas
Morressem
As cismas,
A fome
E seus vultos.

Quisera
Os sibários*
Já fora
Do mundo
E fosse
Infundo
Que o ouro convém.

Quisera
Ver findo
O povo
Que rindo
Acaba
Com o povo
Pra mais
Viver bem.


Quisera
Quem dera
O opróbrio
E a guerra
Na lama
Escondidos
Na chama
Quem dera.
                                               ( * O mesmo que sibaríticos).
Rio de Janeiro, 1965.  

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