IDEALISMO
Quisera eu
Que tudo brotasse
Na terra que outrora
Não foi de ninguém.
Quisera
Que a fonte
Do pranto
Secasse
A mágoa
Acabasse
E existisse
Só bem.
Quisera
Que a vida
Não fosse
Perdida
Com tanta fadiga
Sem nada
Render.
Quisera
Que os homens
De idéias
Formadas
Pr'os campos
Dos livros
Chegassem
A viver.
Quisera
A irmandade
De todos
Os povos
E os fogos
Da guerra
Não mais
Acendessem.
Quisera
A verdade
Na causa
Que fosse,
No campo
Que fosse,
Os direitos
Vencessem.
Quisera
A maldade
No canto
Dantesco,
No inferno
Grotesco,
Na chama
Da morte.
Quisera
O triunfo
De todas
As causas,
As causas
Formadas
Dos seres
Mais cultos.
Quisera
O extermínio
De todos
Sofismas
Morressem
As cismas,
A fome
E seus vultos.
Quisera
Os sibários*
Já fora
Do mundo
E fosse
Infundo
Que o ouro convém.
Quisera
Ver findo
O povo
Que rindo
Acaba
Com o povo
Pra mais
Viver bem.
Quisera
Quem dera
O opróbrio
E a guerra
Na lama
Escondidos
Na chama
Quem dera.
(
* O mesmo que sibaríticos).
Rio de Janeiro, 1965.
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