terça-feira, 23 de janeiro de 2018

UMA PAUSA PARA A POESIA



HAVIA UMA CASA

Havia uma casa
E dentro dela uma princesa
Que se chamava Linda.
Podia ser Julieta
Morar em Verona Beach
Filha dos Capuleto
Apaixonar-se
Por um Montéquio
E ser consagrada
Nos versos tristes
De Willian Shakespeare.

Nasceu, filha da união
Dos que se amam,
De cuidados tão profundos
Que se fez bela e desejada,
Inspiração do poeta menor
Que a cortejou
Em versos musicados
Em noites de serenatas
Quando a lua a abençoava
No seu leito de cetim
Beijando-a e bendizendo
O trinar das cordas
De um violão
Do cantor apaixonado
Que caminha sua estrada
Nos versos que diz:
“Acorda minha bela namorada
A lua te convida a passear
Seus raios iluminam toda a estrada
Por onde haveremos de passar...”.

E passamos como passam
Todos os amantes
Que sonharam
E não se souberam amar.

A casa, hoje vazia,
Abriga a saudade
Numa esquina abandonada,
Por onde os pássaros de outrora
Já não cantam mais.
Por onde as flores perfumadas
Já não existem mais.
Por onde a triste madrugada
Já não orvalha mais.
Porque “As flores do jardim da nossa casa
Morreram todas, com saudade de você,
E as rosas que cobriam nossa estrada
Perderam a vontade de viver,
Eu já não posso mais
Olhar nosso jardim
Lá não existem flores,
Tudo morreu pra mim...”.
Porque o tempo nos abriga
Como passageiros
Na velocidade que a gente não sente
Os olhos não veem
A verdade não mente
Mas o coração sente
E morre a cada dia.



Feira de Santana, 24/11/2015.

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