sexta-feira, 15 de abril de 2011

REVIVENDO SHAKESPEARE


Não faz muito tempo, um jovem mancebo, foi presenteado com fotos e documentos, de um grande amor da adolescência, que se foi cedo desta vida. Conheceram-se no final da década de 50. Ele, que não era filho dos Montéquius, jovem, vindo dos seus estudos secundários realizados na Capital, em Salvador, retornando à querida Feira de Santana, Princesa do Sertão, enamorando-se de diversas moças, lindas e fagueiras desce chão de Georgina Erisman e Maria Quitéria, dentre tantas, a moçoila da Avenida Senhor dos Passos, que não era filha dos Capuletos, foi a preferida, a mais querida, pela sua meiguice, honestidade e dedicação aos estudos, a família e aos amigos, de fidelidade impar e ingenuidade ainda maior. Poderia ter sido a sua companheira para o resto da vida, mas os seus destinos, traçados previamente pela mão do acaso, tinha rumo divergente. Ele, seguiu para o Rio de Janeiro, abraçando a carreira artística e os estudos complementares até a universidade da vida e dos ensinos especializados. Foi cantor, compositor, musico, poeta, filósofo e poliglota, viveu amores cariocas, esbanjou a mocidade, retornando, vinte anos depois para o torrão natal por adoção, cumprindo o destino que vaticina – “o bom filho à casa torna” . Ela, a jovem da avenida cantada pela poetisa Irmã Amorim, tomou outro rumo, por não ter outra opção, vez que o seu amado não mais alimentava esperança de um retorno breve. A vida tinha que seguir. Ela se casou com outro, por força das circunstâncias, para constituir família. Viveu pouco. Em um momento de infelicidade que dona divergência prepara sem pré-aviso, faleceu na estrada que leva para a outrora cidade de Almas, hoje denominada Anguera. Ficou a saudade de um grande romance que poderia ter sido romanceado pela sua pureza e grandiosidade. Em data recente, ele, recebeu outra foto da doce criança, mulher, exemplo de cidadã, gente na acepção da palavra, nobre no seu vestir e no seu porte. Foi ai que o Romeu do século XXI, resolveu prestar a ultima homenagem àquela que foi a sua Julieta, para que leia lá no céu, onde deve se encontrar arrodeada de anjos e querubins. Encerrando disse: Por mim, para mim e para ela, uma poesia do Poeta maior, autor dos Lusíadas, peça literária universalmente analisada pela intelectualidade, da casta língua lusitana.


Alma minha gentil, que te partiste



Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

e viva eu cá na terra sempre triste.



e lá no assento etéreo, onde subiste,


Memória desta vida se consente,


Não te esqueças daquele amor ardente


Que já nos olhos meus tão puro viste.


E se vires que pode merecer-te


Alguma cousa a dor que me ficou


Da mágoa, sem remédio, de perder-te,


Roga a Deus, que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,


Quão cedo de meus olhos te levou.



Luís Vaz de Camões(1524-1580) “Amar é ser vencida a razão pela tolice” (Shakespeaare, em “Os dois cavaleiros de Verona” 1594-1595)). “Se não te lembram as menores tolices que o amor te levou a fazer, é que jamais amaste” (Shakespeare – em “Como Gostais” – 1599-1600).

Feira, 30 de março de 2011.

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