Autor:Milton Britto
Livro:Versos Livres
Quisera eu
que tudo
brotasse
na terra
que outrora
não foi
de ninguém.
Quisera
que a fonte
do pranto
secasse
a mágoa
acabasse
e existisse
só bem.
Quisera
que a vida
não fosse
perdida
com tanta fadiga
sem nada
render.
Quisera
que os homens
de idéias
formadas
pr'os campos
dos livros
chegassem
a viver.
Quisera
a irmandade
de todos
os povos
e os fogos
da guerra
não mais
acendessem.
Quisera
a verdade
na causa
que fosse,
no campo
que fosse,
os direitos
vencessem.
Quisera
a maldade
no canto
dantesco,
no inferno
grotesco,
na chama
da morte.
Quisera
o triunfo
de todas
as causas,
as causas
formadas
dos seres
mais cultos.
Quisera
o extermínio
de todos
sofismas
morressem
as cismas,
a fome
e seus vultos.
Quisera
os sibários
já fora
do mundo;
e fosse
infundo
que o ouro
convém.
Quisera
ver findo
o povo
que rindo
acaba
com o povo,
pra mais
viver bem.
Quisera
quem dera
o opróbio
e a guerra
na lama
escondidos,
na chama,
quem dera. Rio de Janeiro, 1965
quarta-feira, 8 de julho de 2009
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