Seu nome era Maria.Não era a mãe de Jesus, nem Madalena, aquela a quem se atribui ser a amante do messias. Era uma pessoa do povo, como tantas outras.Morava num lugar ermo, numa casa de chão batido, no meio do mundo, em terra absolutamente árida, onde em se plantando nada dá. Tinha apenas dois dentes frontais na boca seminua, preparada para o alimento composto de mingau e farinha seca, intercalado, e algumas vezes banana amassada. Feliz da vida, pois recebia uma cesta básica fornecida pelo governo federal, denominada “bolsa família”. Havia um Posto de Saúde há vinte quilômetros de sua localidade, que raramente aparecia um médico ou enfermeira, com visitas programadas para os dias de feira livre na sede do Distrito, em dia de sábado. Os dois dentes que sobraram na boca de Maria eram os únicos que não tinham cárie e por isto preservavam.Sofria de diabete, cálculo renal e pressão alta, além da arritmia que lhe acompanhava. Com tudo isto, era feliz, porque não lhe permitiram raciocinar como gente, ter instrução como civilizada. Era conveniente para os governantes, que se interessam por zumbis, que são mais fáceis de controlar para se manterem no poder “mamando nas tetas da mãe República. Na casa má acabada, terminara de colocar piso de cerâmica de terceira, doação de um candidato a Vereador. Uma antena parabólica ladeava a sua residência, até porque a Companhia de Energia Elétrica que patrocinara a campanha do Governador, ganhou a concorrência para a instalação do Programa “Luz para todos”. Ali focalizavam os canais de televisão com prioridade para a Rede que mantinha um acordo financeiro com o governo, controlada pelo truste estrangeiro que monopoliza a economia mundial, escraviza os alienígenas, tomando as suas riquezas e mantendo governantes segundo os seus interesses. Pois bem! Maria era feliz com os cachorros magros da sua terra inóspita, com os poucos dentes que lhe restaram, que não lhe faziam falta porque não tinha mesmo o que mastigar, ria, contava estórias, relatando que a sua sobrinha foi vítima de um marido alcoólatra que lhe desferiu um soco no olho esquerdo, partindo a sua sobrancelha que sangrava sem parar, sujando-lhe a veste, e, em outra ocasião fugindo do beberrão se escondeu embaixo da cama de uma tia e de lá foi arrastada como um pedaço de carne para ser batida como se amacia o bife que vai ser servido na casa do Barão. Maria contava e ria, achava graça de tudo.Semi-surda voltou Maria para a sua televisão, sentada no seu sofá coberto com um lençol já roto e desbotado. Ali era o seu mundo ao vivo e a cores.
MORAL:
MELHOR SE GOVERNA - O CEGO, QUE NÃO VÊ! - O SURDO, QUE NÃO OUVE! – O MUDO, QUE NÃO FALA.
Feira de Santana, 09 de novembro de 2007. – Em uma manhã de inspiração.
AUTOR – MILTON PEREIRA DE BRITTO.
MORAL:
MELHOR SE GOVERNA - O CEGO, QUE NÃO VÊ! - O SURDO, QUE NÃO OUVE! – O MUDO, QUE NÃO FALA.
Feira de Santana, 09 de novembro de 2007. – Em uma manhã de inspiração.
AUTOR – MILTON PEREIRA DE BRITTO.
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