Antonio
Guedes de Brito, mestre de campo, governador interino da Bahia, como juiz
ordinário mais velho da junta governativa, provedor da Santa Casa de Misericórdia
em 1663, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, abastadíssimo fazendeiro, um
dos homens de projeção da Bahia seiscentista, tanto pela sua riqueza como pela
sua influência, depois de Garcia de Ávilla, foi o “maior proprietário de
terras, a principiar das nascenças do rio Real, Inhambupe, em demanda do sul
pelo S. Francisco acima tantas léguas quantas ditassem daquelas cabeceiras ao
Paraguaçu”.
O
jesuita Antonil, em 1711, pormenoriza: “Sendo o sertão da Bahia tão dilatado
como temos referido, quase todo pertence a duas das principais famílias da
mesma cidade, que são a da Torre, e a do defunto mestre de campo Antonio Guedes
de Brito. Porque a casa da Torre tem duzentas e sessenta léguas pelo rio S.
Francisco acima, à mão direita, indo para o Sul; e indo do dito rio para o
norte, chega a oitenta léguas. E os herdeiros do mestre de campo Antonio Guedes
possuem, desde o Morro dos Chapéus até a nascença do rio das Velhas, cento e
sessenta léguas. E nessas terras, parte dos donos delas tem currais próprios; e
parte são dos que arrendaram sítio delas, pagando por cada sítio, que
ordinariamente é de uma légua, cada ano dez mil réis de foro”. Essas terras
dilatadas pelos sertões, entre a Bahia e as Minas, valiam um Império.
Antonio Guedes de Brito para tomar posse efetiva de seus vastos domínios, estabeleceu-se numa fazenda em Morro do Chapéu, às margens do rio Jacuipe. Acompanhado de numerosos capangas, saiu pelo sertão combatendo e expulsando os grileiros e índios que infestavam seu território. E foi nesta campanha que subitamente faleceu, sendo enterrado na igreja do Colégio dos Jesuítas na Catedral da Sé da Bahia.
Antonio Guedes de Brito para tomar posse efetiva de seus vastos domínios, estabeleceu-se numa fazenda em Morro do Chapéu, às margens do rio Jacuipe. Acompanhado de numerosos capangas, saiu pelo sertão combatendo e expulsando os grileiros e índios que infestavam seu território. E foi nesta campanha que subitamente faleceu, sendo enterrado na igreja do Colégio dos Jesuítas na Catedral da Sé da Bahia.
Antonio
Guedes de Brito teve uma filha com sua concubina d. Serafina de Sousa a qual
deu o nome de Isabel Maria Guedes de Brito. Sendo filha única, d. Isabel herdou
todos os bens de Antonio Guedes de Brito. Era tetraneta de Diogo Álvares
Correia, o Caramuru. Casou-se com o coronel Antonio da Silva Pimentel, o
construtor do Solar do Saldanha, a mais luxuosa residência existente em
Salvador à época. O coronel Antonio da Silva Pimentel por mais de 16 anos
esteve à frente da alcaidaria da cidade, naquele tempo um dos principais cargos
do governo. Exerceu a provedoria da Santa Casa da Misericórdia e foi benfeitor
da Igreja do Colégio da Bahia, depois Catedral Primaz do Brasil, - começada em
1657 e terminada em 1672.
Da
união de d. Isabel Maria Guedes de Brito e do coronel Antonio da Silva
Pimentel, nasceu d. Joana da Silva Caldeira Pimentel Guedes de Brito, que
herdou a maior parte dos bens do avô materno e o solar da família tornando-se
“a mais opulenta senhora de toda colônia”, tisnada de cristã nova nas denúncias
do Santo Ofício. Ninguém teve na colônia palácio mais aparatoso do que d.
Joana: a sua mansão de altos pórticos da rua do Saldanha em Salvador. Os seus
progenitores possuíam o que havia “de melhor em prataria lavrada, em baixelas
de ouro, em candelabros de bronze, em peças de crisólitos da Boêmia”.
D.
Joana em 1717, casou-se em primeiras núpcias, com d. João de Mascarenhas,
nascido depois de 1680, segundo filho do I Conde de Coculim, d. Francisco de
Mascarenhas. D. João foi porcionista do Colégio Real de S. Paulo, em Coimbra,
no ano de 1697; desembargador do Porto e da Relação de Lisboa, cavaleiro da
Ordem de Cristo, tesoureiro-mor da Sé do Algarve e deputado da Mesa da
Consciência e Ordens, no ano de 1722, falecido a 25 de junho de 1729, em
Lisboa, sem geração.
D.
João era mau caráter, acobertando criminosos e malfeitores em seu engenho da
Mata, e impedindo sua sogra Isabel Maria Guedes de Brito de gerir seus bens. O
vice-rei da Bahia, D. Vasco César de Meneses não perdoava o comportamento
descomedido do excêntrico fidalgo, ponto negativo de sua administração, no
setor da ordem pública.
A
experiência desagradável do primeiro casamento não desanimou d. Joana da Silva
Guedes de Brito da ilusão de contrair novas núpcias. Relativamente moça,
opulenta e garbosa, deu-lhe na cabeça que deveria procurar novo marido e
resolveu comprá-lo, com o seu ouro.
D.
Manuel de Saldanha da Gama, nascido a 21 de fevereiro de 1715, quinto filho de
d. João de Saldanha da Gama, vice-rei da Índia em 1715, foi o favorito. Mais
novo 18 ou 19 anos que d. Joana, nascido apenas dois anos antes da data do
primeiro matrimônio, quando esta – teria já rodado sensivelmente o dobro da sua
idade.
O
contrato de casamento, lavrado em Lisboa, a 19 de abril de 1734, em nota do
tabelião Antonio da Silva Freire, contou com a presença do capitão José de
Oliveira Filho, que assinou a escritura “em nome e como procurador” de d.
Joana, e de d. João de Saldanha da Gama, pai de d. Manuel de Saldanha.
A
18 de setembro do mesmo ano, foi ratificado, na Bahia, em nota do tabelião
Pedro Ferreira de Lemos, ante os noivos, que se “achavam contratados para
casarem na forma do Sagrado Concílio Tridentino”.
D.
Manuel de Saldanha da Gama, moço fidalgo, membro do Conselho Ultramarino, a 2
de maio de 1757, foi indicado pelo vice-rei Conde dos Arcos a Sebastião José de
Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, para ocupar o posto de coronel comandante
de um dos regimentos de infantaria desta Cidade, vago com o falecimento de
Manuel Domingos de Portugal. Sobre sua personalidade e o seu procedimento,
assim se expressa seu filho, o VI Conde da Ponte: “este cavaleiro, além de ser
de costumes muito bem regulados, é de um tão louvável procedimento, que
justíssimamente o tem feito credor da distinta atenção, que lhe rendem todos
esses habitantes, nem tem, nem nunca teve destas partes, emprego algum no
serviço de S.M.(Sua Majestade)”
D. Joana faleceu a 24 de outubro de 1762, sem que houvesse filhos. D. Manuel, fiel às cláusulas que instituiu o Morgado, acrescentou o sobrenome da falecida mulher e entrou na posse dos bens. D. Manuel de Saldanha da Gama Guedes de Brito Melo e Torres, eis como passou a ser chamado. Em 1776 regressou a Portugal, levando consigo recordações da famosa matrona que se trajava majestosamente na mansão junto à Sé. Tornou-se senhor de grande fortuna – em parte proveniente dos bens doados a d. Joana, em parte acumulados durante a sua estada de não menos de trinta anos no Brasil.D. Manuel casou-se em segundas núpcias dentro em sua linhagem, com d. Francisca Joana Josefa da Câmara, nascida a 27 de dezembro de 1740, viúva do célebre Luís José Correa de Sá Velasco e Benevides, capitão-general de Pernambuco e filha de Lourenço Gonçalves da Câmara Coutinho, quinto almotácer-mor do Reino e de sua mulher e prima, d. Leonor Josefa Távora, Dama do Paço. Faleceu no ano de 1778, em Portugal, “rico e honrado, com cargos importantes e respeitáveis que desempenhara na Cidade do Salvador”.
D. Joana faleceu a 24 de outubro de 1762, sem que houvesse filhos. D. Manuel, fiel às cláusulas que instituiu o Morgado, acrescentou o sobrenome da falecida mulher e entrou na posse dos bens. D. Manuel de Saldanha da Gama Guedes de Brito Melo e Torres, eis como passou a ser chamado. Em 1776 regressou a Portugal, levando consigo recordações da famosa matrona que se trajava majestosamente na mansão junto à Sé. Tornou-se senhor de grande fortuna – em parte proveniente dos bens doados a d. Joana, em parte acumulados durante a sua estada de não menos de trinta anos no Brasil.D. Manuel casou-se em segundas núpcias dentro em sua linhagem, com d. Francisca Joana Josefa da Câmara, nascida a 27 de dezembro de 1740, viúva do célebre Luís José Correa de Sá Velasco e Benevides, capitão-general de Pernambuco e filha de Lourenço Gonçalves da Câmara Coutinho, quinto almotácer-mor do Reino e de sua mulher e prima, d. Leonor Josefa Távora, Dama do Paço. Faleceu no ano de 1778, em Portugal, “rico e honrado, com cargos importantes e respeitáveis que desempenhara na Cidade do Salvador”.
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