quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

ILHA DE ITAPARICA II




Em janeiro vou à ilha
Vou à ilha no amanhã, pela manhã
Para andar pela areia antes do sol fervente;
Vou à ilha para ver o mar
E na sua imensidão,
Eu possa ver a insignificância do meu ser,
Porque eu posso querer abraçá-lo,
Mas não consigo
Posso querer alcançá-lo,
 Mas é inacessível.

Vou sentar-me à beira mar
Esperar o anoitecer e contar estrelas,
Como Saint-Exupery,
Sem ouvi-las,
Porque este dom foi dado somente a Olavo Bilac
E eu não tenho a verve de Olavo.

Em janeiro eu vou à ilha
Até porque nenhum homem é uma ilha.
Na palavra e no entendimento
Do Peripateta de Estagira.
Vou à ilha
Para ancorar meus pensamentos
Na imensidão do espaço cósmico,
Sentado à beira do cais
Molhando os pés e poetizando,
Porque sou poeta e não profeta
A profetizar o amanhã,
E o amanhã pode ser o ontem
Que não vivenciei
Por estar envolvido com a sobrevivência
Medíocre do materialismo.

Sim! Amanhã eu vou à ilha!
Lá eu poderei saber das minhas andanças
Matutinas olhando a Bahia de Todos os Santos
E do Senhor do Bonfim.
Lá, vou degustar pingo de ouro,
Fruto gostoso das mangueiras
Que a natureza criou,
Antes que os homens promovam
A sua destruição,
Em suas últimas queimadas.

Em janeiro


Irei à Ilha.

Feira, em um dia de 2018.

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