Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.
Friedrich Nietzsche
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
EU TENHO EM MIM
Eu tenho em mim
A imagem da mulher amada,
A caminhar pelo jardim,
Ainda composta,
Vestida em seu négligé,
Colhendo flores,
Ouvindo os
pássaros canoros
Que pulam de galho em galho,
Atrás das borboletas
Múltiplas, coloridas,
Recém-saídas dos casulos,
Na inocência que a natureza lhes dotou,
Como os pirilampos
Que pela madrugada
Brilham, no espaço,
Iluminando o caminho
Por onde vou passar
Em minhas serenatas.
Tenho em mente o seu retorno,
Ainda sonolenta,
De uma noite repetida,
De amor, por onde caminham
Os meus desejos,
Mapeando o seu corpo pálido,
Leitoso, macio,
No entrelaço de nossas coxas
Que se agasalham
Em nosso acasalamento,
Quando nos amamos perdidamente.
Trago no meu corpo
O cheiro inconfundível do teu corpo
E do teu perfume “Promessa”
Que me deixava embevecido,
Quando te cheirava e te beijava,
Nas noites de verão
Que já se foram, mas, que
Viverão em nossas lembranças
De amantes que fomos,
Pelos anos que se foram
E pelos que virão,
No muito pouco que vivemos.
Trago em mim,
Os seus abraços acanhados,
De amante do primeiro beijo,
Quando suas mãos suavam,
Trêmulas, macias, mas,
Com gestos envergonhados
De uma donzela que se fez a pouco,
Noviça para o leito
E para as loucuras do amor.
Trago na lembrança
E levarei comigo
Todas as nossas andanças,
Caminhos e descaminhos,
Que nos fizeram perdidos
Para jamais nos encontrarmos,
Porque assim está traçado,
Como dizem os Turcos e Muçulmanos,
- Maktub!...
15/04/2018.
ILHA DE ITAPARICA II
Em janeiro vou à ilha
Vou à ilha no amanhã,
pela manhã
Para andar pela areia
antes do sol fervente;
Vou à ilha para ver o
mar
E na sua imensidão,
Eu possa ver a
insignificância do meu ser,
Porque eu posso querer
abraçá-lo,
Mas não consigo
Posso querer alcançá-lo,
Mas é inacessível.
Vou sentar-me à beira
mar
Esperar o anoitecer e
contar estrelas,
Como Saint-Exupery,
Sem ouvi-las,
Porque este dom foi dado
somente a Olavo Bilac
E eu não tenho a verve
de Olavo.
Em janeiro eu vou à ilha
Até porque nenhum homem
é uma ilha.
Na palavra e no
entendimento
Do Peripateta de
Estagira.
Vou à ilha
Para ancorar meus
pensamentos
Na imensidão do espaço
cósmico,
Sentado à beira do cais
Molhando os pés e
poetizando,
Porque sou poeta e não
profeta
A profetizar o amanhã,
E o amanhã pode ser o
ontem
Que não vivenciei
Por estar envolvido com
a sobrevivência
Medíocre do
materialismo.
Sim! Amanhã eu vou à
ilha!
Lá eu poderei saber das
minhas andanças
Matutinas olhando a Bahia
de Todos os Santos
E do Senhor do Bonfim.
Lá, vou degustar pingo
de ouro,
Fruto gostoso das
mangueiras
Que a natureza criou,
Antes que os homens promovam
A sua destruição,
Em suas últimas queimadas.
Em janeiro
Irei à Ilha.
Feira, em um dia de
2018.
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