terça-feira, 27 de agosto de 2013

A PRAÇA




Reduto de prostitutas,
Vadios, cafetões,
Drogados e desocupados,
Encontra-se a Praça
Onde brinquei
Quando criança.

Ao centro
Canteiros abandonados
Para a instalação
De desorganizadas barracas
Que substituem
As quermesses do meu tempo.

Não mais os brinquedos.
Impera o vilipêndio de garrafas cheias
De variadas bebidas
Que levam homens e mulheres
Ao alcoolismo sem retorno.

As roseiras,
As margaridas,
Begônia
E malmequer,
Só na lembrança menina
De um tempo que passou.

Bancos são albergues
Para o sono
Dos desesperados
E para o coito ligeiro
Da besta-humana,
Talvez,
No seu último orgasmo.

Do Templo religioso de outrora,
Das orações,
Restam imagens esquecidas
Que os iconoclastas se encarregaram
De maldizer
Afastando a idolatria inocente
De uma herança de antanho.

Não mais as retretas,
As filarmônicas
E a alegria
Das marchas
E dos dobrados.

Não mais os maestros
Os músicos
E os instrumentos maviosos
De sonoridade
Quase divina
Que nos acalmava
E nos levava
À conquista da mulher amada.

As palmeiras
Inspiradoras
De tantos poetas
Já não servem de abrigo
Dos sabiás.
Uma - pelo abandono
E a outra pelo extermínio.
Atributos do Ser
Que por ali passará
Horizontalmente
Para a missa que não mais ouvirá.

Feira, 02.07.2013

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