domingo, 1 de abril de 2012

A VIAGEM

CAPÍTULO III

Enfim, Rio de Janeiro dos meus sonhos vividos, embora, sem a intensidade merecida.
RIO DE JANEIRO – CIDADE MARAVILHOSA

Domingo, 29 de janeiro de 2012, retornando para o ponto de partida, chegamos e desembarcamos na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, como era conhecida, hoje, Cidade do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, segunda metrópole mais importante do Brasil e a mais conhecida no exterior, maior rota de turismo internacional do país, tendo como atrações principais – O Pão de Açúcar, Cristo Redentor, praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca, entre tantas, de beleza inigualáveis, além de pontos turísticos, como a Lapa, com seus arcos e boemia, de vida noturna intensa, como dizia o poeta “Lapa dos Capoeiras, Miguelzinho, Camisa Preta, Meia Noite, Edgard... Lapa, minha Lapa boêmia, a lua só vai pra casa depois do sol raiar...”; de Madame Satã, de Jamelão, Carmem Silva, Monarco, Joyce, Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Moreira da Silva, Beth Carvalho, Roberto Ribeiro, Elza Soares, e tantos outros, desde Silvio Caldas e Francisco Alves, aos tempos modernos do turismo. Ir ao Rio de Janeiro, necessariamente tem que ir a Floresta da Tijuca, Quinta da Boa Vista e a Ilha de Paquetá, no mínimo. Desta vez, não aconteceu. Ao chegarmos, embarcamos em um ónibus de turismo, com guia, totalmente preparado, a nos relatar sobre a fundação da cidade, seu povo, seus costumes, detalhando a construção do Cristo Redentor, que teve a participação de cariocas, senhoras da sociedade local, até a vinda da cabeça do Cristo, obra de artista francês, doada pelo governo da cidade luz, completando o monumento maravilhoso. No percurso, passamos pela Praça Mauá, nome dado em homenagem ao Barão; trecho da Avenida Brasil, Av.Getúlio Vargas, vendo o Sambódramo, de muitos carnavais e desfiles, que fazem o mais insensível dos homens sonhar, passeando nas curvas indescritíveis de sensacionais mulatas e negras, verdadeiras obras divinas, porque, impossível que tenha saido das entranhas de um ventre qualquer. Seguimos, até chegar na Zona Sul, de tantas histórias e ao passar pela Rua Toneleiros, lembrei-me do atentado ao Jornalista Carlos Lacerda, o maior autodidata, depois de Machado de Assis, poliglota, tradutor de obras de Shakespeare, antigo comunista, que aderiu ao capitalismo voraz, com facilidade, combatendo o populismo de Getúlio Vargas, na década de 50, a tal ponto, que o levou ao suicídio em 24 de agosto de 1954, após ação deflagrada por simpatizantes do pai dos pobres, culminando com uma tentativa de homicídio do Corvo, como era também conhecido o Jornalista, pela sua linha de ataque funesto, de quem assume uma posição irracional de mero opositor, como ofício. Destaque-se que, embora opositor, sua linguagem era de um cidadão culto, daqueles que não atropelam o vernáculo, nem saem do verbalismo banal, de detratores analfabetos políticos, que residem no beco da infâmia, passeando pela vida alheia, sem respeito ao próximo. A tentativa levou a morte do Major Vaz, da Aeronáutica, gerando o movimento militarista, que responsabilizou Gregório Furtunato, apelidado de “O Anjo Negro” e ainda tentaram envolver Lutero Vargas, filho de Getúlio. Lutero, que mais tarde amaria Marivone, que amaria o escritor, por longos oito anos. O atentado foi o pivô do movimento, que pretendia o golpe de Estado para tirar Getúlio do poder, que contrariava os interesses dos norte americanos, cujo golpe, se repetiu no governo de João Goulart, em 1964. No City Tour ao Cristo, tive a oportunidade de rever lugares, por onde passei e vivi, durante doze anos. Passamos pela Avenida Atlântica e vi com saudade o Edifício Sevilha, onde morei por dois anos, no apartamento do terceiro andar, dividindo o elevador, por muitas vezes com Nelson Gonçalves, que residia no quinto andar, em época de desespero, quando o grande cantor tentava superar o vício das drogas, enquanto eu, gravava o meu primeiro disco na RCA Victor, substituindo-o. Em Botafogo, lembrei-me do encontro com Irene, que apresentei a Mario Prioli, no Canecão, após longa ausência de namoro, quando pude lhe falar do seu romance com Agostinho dos Santos,das nossas confidências, da traição e do meu revide no hotel da Marquês de Abrantes, quando pude tê-la tão somente minha. Foi a última vez que nos vimos.

ARCOS DA LAPA – RIO DE JANEIRO.
(continua na próxima semana).

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