Capitulo I
O Navio:
Enfim, a tão esperada viagem.
Ainda criança, ouvi muito, na voz inconfundível de Dorival Caymmi, a música de sua composição:
“Peguei um Ita no Norte pra vim pro Rio morar, adeus meu pai, minha mãe, adeus Belém do Pará...”. Nunca entendi porque um baiano, de Salvador, compõe uma letra dizendo–se - saindo de Belém do Pará. Não tem muita importância, este fato, e sim, a viagem de navio, que nos convida a navegar nas águas que cobrem dois terços do nosso planeta. Quando garoto, tive a oportunidade de ir de Cachoeira para a Capital, em um Vapor, embarcação, que fazia a travessia de quem pretendia chegar aos Soteropolitanos, vindo do sertão. Lembrança tênue, embora saudosa. Agora, levado, por informações de amigos, que noticiavam a excelência de uma viagem de navio, embarquei no Soberano, para um tour de oito dias, passando por Búzios, Santos e Rio de Janeiro. Ai vão os relatos:
Primeira parte:
O Cais de Salvador, deveria se chamar Caos, pela falta de estrutura, desorganização, desconforto, bagunça, falta de respeito com os passageiros, sem ventilação, um inferno, incluindo o calor excessivo.
Após a tramitação burocrática e jornada de um quilometro, chegamos ao Navio, que somente zarparia no dia seguinte, às 14 horas. Aproveitamos para revisitar a Praça Cairu, com o seu Mercado Modelo, com artesanato, muita baianidade, com preços para turista americano, a base do dólar. Ali, na década de 50, aluno de Mestre Bimba, desafiei alguns capoeiristas da escola de Mestre Pastinha, do estilo Angola, em tom de brincadeira; Comi Acarajé, Abará, Bolinho de estudante (também chamado de “punheta”), subindo e descendo o Elevador Lacerda (ainda em funcionamento), e, por vezes, o Plano Inclinado (Chariot) que se encontra desativado, graças ao pouco caso daqueles que não amam tanto a nossa Bahia. Lembrei-me de bons retratistas e, com saudade revivi um antigo retrato que ali tirei e guardo, para lembrar que o tempo é cruel, inclusive com a nossa aparência que sai do belo para o feio, num piscar de olhos, embora nos fartemos de vaidade, em momento de narcisismo.
Fiquei absorto e voltei para o Navio, esperando pela partida, rumo ao sul.
OBS.: Continuaremos na próxima edição.
quarta-feira, 14 de março de 2012
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