1945! Um ano
atípico. Final da 2ª Guerra Mundial. A Alemanha, a grande potência bélica do
mundo, finalmente sucumbira diante da união de tantas Nações que se propunham
um mundo livre, sem a ditadura do Nazismo.
Eu morava em um casarão com primeiro andar, localizado na
Rua Direita, na Cidade de Feira de Santana, Bahia, cujo imóvel tinha uma
dimensão territorial, que ia até a Rua de Aurora. Um quintal todo arborizado,
e, ainda me lembro, na porta dos fundos pude avistar um Zepelim, (um dirigível
de fabricação Alemã) que nunca obtive resposta para a presença daquela
espaçonave, naquele momento, naquele lugar.
A Rua Direita era uma via pública pacata, praticamente
sem veículos automotores.
Moravam naquela artéria, famílias tradicionais, como os
Cordeiros, Carneiros, Carvalhos, Martins, prósperos comerciantes e fazendeiros.
Todos se conheciam e tinham algum vínculo de amizade.
Eu tinha apenas cinco anos de idade, pai, mãe e dois
irmãos.
Lembro que ao final da guerra, ainda desfilavam soldados,
do exército pela Rua Direita, em direção a Praça da Matriz, onde ficavam seus
alojamentos (local hoje ocupado pelo chamado “Feiraguai”).
Ainda em 1945, minha mãe faleceu de “Doença de Chagas”.
Em menos de seis meses, meu pai contraiu novas núpcias e nos
mudamos para a Rua Santos D’umont, próximo da Rua São José.
Nas proximidades,
havia o Campo do Gado, Matadouro, Feira de gado e outros animais, um comércio
próspero.
A Praça Froes da Mota era um lugar aprazível, com Coreto,
onde desfilavam Filarmônicas e Retretas, existindo a Mansão Froes da Mota,
havendo no entorno residências de médicos, dentistas, fazendeiros, políticos,
Pensões, Emissora de Rádio ( Rádio Sociedade de Feira) de Propriedade de Pedro
Matos.
Ali vivi, até os 12 anos de idade, cercado de amigos e
parentes, como se fosse uma verdadeira irmandade. Lembro de Juarez,
Eurico,Edgard, Val, Adilson, Zé Pão, Toninho, todos com a minha faixa etária,
de muitos encontros e brinacadeiras.
Guardo na
lembrança os tempos de estudo na Escola Anexa, que ficava no fundo da Escola
Normal (atual CUCA), onde fiquei até 1952 quando fui estudar em Salvador, no
Colégio Ipiranga, (antiga residência de Castro Alves).
Tive uma infância e uma adolescência, relativamente,
normal, jogando futebol, empinando arraia, jogando bola de gude, tomando banho
nos riachos e represas, indo ao Rio de Jacuipe.
Predominava a religião católica e por isso freqüentávamos
missas, novenas, batizados, crismas, casamentos, festas religiosas, quermesses,
filarmônicas e retretas nos Coretos da Praça da Matriz, por onde passaram as
nossas meninices, confetes, serpentinas, amizades e amores.
Como diz o poeta – “Eu era feliz e não sabia”.
Feira de Santana, 09/11/2020.