quinta-feira, 30 de novembro de 2017

SER COMUNISTA


SER COMUNISTA (ou o Canto de um colonizado)


Se estudar latim, grego,
Francês, espanhol, italiano, idich,
Português e esperanto,
È ser comunista,
Então sou comunista.

Se estudar Filosofia,
Psicologia, psicanálise,
História, geografia,
Ciência e astronomia,
Cosmologia e Metafísica,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se ler Rousseau, Voltaire,
Diderot e D’Alembert,
Montesquieu, Sartre,
Platão, Aristóteles,
Cícero e Bertrand Russell,
É ser comunista,
Então sou comunista.
Se conhecer as teorias
De Anaximandro, Anaxímenes,
Tales de Mileto, Anaxágoras
E Sócrates,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se entender Marx, Engels
E Hegel,
Thomas Moro,
Erasmo de Rotterdam,
Lênin e Trotsky,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se ter como ídolos
Confúcio, Lao Tsê,
Sidarta, Mê Ti,
Farias Brito e Mario Ferreira dos Santos,
Regis Jolivet, Roger Garaudy,
Fidel e Che,
Getulio e Jango,
É ser comunista,
Então sou comunista.
Se abominar o entreguismo da Nação,
O antipatriota, o corrupto,
O apátrida, o traidor,
O fanático de todas as crenças,
O cafetão do povo,
O idiota e o idiotizado,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se ser poeta,
Amar e declamar,
Goethe, Victor Hugo,
Camões e Bocage,
Augusto dos Anjos e Castro Alves,
Milton e Camões,
Sem esquecer Homero,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se canto com garbo –
“Já podeis da Pátria filhos,
Ver contente a mão gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil”.
É ser comunista,
Então, com muita honra,
Sou e serei comunista,
Marxista, Leninista,
Trotskista, Hegeliano,
Engelsta, Guevarista,
Getulista, Janguista
E brasileiro nacionalista.

Feira de Santana, 29 de outubro de 2017

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

VERSOS PARA ILIANA - do Livro VERSOS LIVRES

                             FELIZ ANIVERSÁRIO ILIANA


Não canto parabéns pra você,
Porque é a música mais chata do mundo;
Nem falo de amor vida a vida
Porque não nos pertencemos.
Não rezo missa
Porque odeio o clero vagabundo,
Nem digo tolices
Porque te desejo como amiga
e como eternidade.
Falo do amor... Platônico
Que há na gente inteligente
Como a gente.
Falo da confirmação dos nossos entendimentos,
Apesar da distancia luminar
Que existe entre nossos corpos
De segredos.
Falo da intimidade
Que se houvesse, nos diríamos
Verdades transcendentes.
Falo da identidade que há
Entre os deuses do Olimpo
De nossas consciências.
E a minha ciência
- o amor indefinido
E indiviso...
Mais psíquico que somático,
Mais etéreo que terráqueo,
Embora com saudade
Dos que vivem a matéria bruta
Do corpo a corpo,
Do chão a chão. 
Falo do senão
Obrigatório do convencionalismo;
Do meu enredo de família,
Das minhas risadas francas,
Do silencio,
Da gônada do nada
Que une razões sem razão determinada.
Falo de nós dois. 

              Belo Horizonte, 1974.



quarta-feira, 1 de novembro de 2017

ARAUTOS DO CAOS


     ARAUTOS DO CÁOS

Americanófilos,
Homofóbicos,
Machões,
Homossexuais,
Bissexuais,
Lésbicas,
Hermafroditas,
Apátridas
E traidores,
Leonino,
Rotarianos,
Maçons,
Evangélicos ensandecidos,
Falsos profetas,
Idólatras,
Homens e mulheres
De um só livro
Que os doutrinam;
Analfabetos e alfabetizados,
Pseudo-intelectuais,
Corruptos e corruptores,
Vendilhões da Pátria,
Ignóbeis seres
Perdidos na ignomínia,
Míseros pastores de ovelhas
Mocas e imbecilizadas,
Idiotas e idiotizados,
Sem exclusão dos idiotizantes,
Mequetrefes infelizes,
Mentes atrofiadas,
Escravos do capitalismo voraz,
Vendilhões da Pátria -
Arrependei-vos
Da própria indignidade
De serem servis!
Deixem o Coliseu
Onde as feras devoram
Cristãos e Ateus,
Mitômanos, cientistas
E intelectuais.
Visitem o Louvre,
O Quartier Latim,
Andem margeando o Sena,
Meditem!...
Leiam Rousseau, Voltaire,
Diderot, D’Alembert,
Montesquieu e Auguste Comte,
Pensem se puderem pensar,
Nos Enciclopedistas,
Retrocedam a 1789,
A 1917 e até 1930,
Percebam a Revolução dos homens,
Mulheres e crianças,
Que mudaram os seus mundos
E os transformaram em sociedades humanas
Dignas e patrióticas.
Ouçam a voz de Jean Valjean,
Reflitam em Victor Hugo
O andar dos Miseráveis.
Espelhem-se em Mao Tsé Tung,
Em Lao Tsé,
Em Lênin, em Trotski,
Não permitam
Que a herança de Batista
Com seu bordel,
Nos atinja.
Visitem Cuba a libertária
Em sua humildade de fazer Doutores,
E Seres independentes, sem fome.
Aventurem-se
Em Alexandre Dumas
E nos deixem sair das masmorras
Da indignidade,
Onde não temos a oportunidade
De ler Alfred de Musset,
Alfred de Vigny,
Flaubert, Paul Sartre,
Balzac, Proust,
Stendhal e Camu.
Reflitam se puderem,
Se ainda resta em vossas consciências,
Um pouco, sequer,
De inteligência e dignidade,
Nos caminhos tortuosos
Que trilham e tentam nos levar.
Visitem Notre-Dame de Paris,
A Catedral Sacré-Coeur de Marie,
O Louvre,
Voem com Antoine de Sant’Exupery,
Façam um vôo noturno,
Ou, viagem com o Pequeno Príncipe,
Vejam as estrelas e sintam
Que não as possuem,
Nem podem ofuscar os seus brilhos...
Permitam que as suas luminosidades
Vos informe das suas insignificâncias
Diante do firmamento e do espaço cósmico.
Vossas mentes
Terão que alcançar Buda,
Confúcio, Lao Tsé,
Mao Tsé Tung,
Lenin e até Fidel,
Libertários a ser seguidos,
Ou, pelo menos,
Peguem uma carona
Na moto de Che Guevara,
Até que possam entender
Que mais vale a Pátria amada,
Do que a amada Pátria alheia
Que vos corrompe
E que nos domina, nos escraviza
E nos coloniza.

                   Em uma tarde de indignação, com o rumo da Nação Brasileira, combalida e dominada por forças alienígenas.


         Feira de Santana, 05 de agosto de 2017.