Participei da inauguração da TV Globo, sendo um artista sempre freqüente na festa de final de ano do Jornal O Globo (antes da inauguração da TV), desde o ano de 1963, indo com Sarita para esta emissora em 1965 com o Programa Clube das Garotas. Estive na Rádio Tupy com Jair Amorim cantando com o Regional de Canhoto com a participação de Dino Sete Cordas e Chiquinho do Acordeom.
São meus novos amigos – a Cantora Linda Batista e o Cantor Jairo Aguiar com quem excursionei para o estado da Bahia, Adilson Ramos, os componentes dos Goldens Boys - Renato, Roberto, Ronaldo e Valdir, Trio Esperança com Evinha, Mario e Regina (eram todos da mesma família, irmãos, sendo que Valdir era primo) realizando com estes vários shows em rádios e clubes, incluindo no grupo Roberto Carlos que muitas vezes se apresentou sem ganhar o cachê, enquanto eu percebia CR$ 5.000,00 por apresentação como aconteceu no Clube da Tijuca, num Show promovido por um programador e diretor da Rádio Carioca.
Quando da temporada na Boate Plaza, às quartas-feiras no Clube do Disco e quintas-feiras no Clube do Cinema, sob o comando de Oliveira Filho – radialista famoso, Jorge Bem (atual Jorge Bejor) iniciava a sua carreira artística e ficava pedindo uma “canja”, ou seja, pedia para deixá-lo cantar, sem ter o aval da maioria. Ali fui ovacionado como grande cantor e violonista. Sempre presente Wilsa Carla, (vedete famosíssima), a elite e o mundo artístico.
Na Boate Michel tendo como anfitriã Madame Mimi, dona da Boate, mulher de valor inigualável, eu era o cantor oficial, e fui contratado, por três anos, com freqüência de intelectuais, jornalistas, compositores, cantores, ministros e políticos principalmente ligados a João Goulart. Em 1967 a ditadura fechou o Michel, tendo como real motivo a freqüência de pessoas contrárias ao regime militar. Quebraram toda a instalação a picaretas e machados, num ato de vandalismo sem precedentes. Madame Mimi recolheu-se em sua residência no Leblon, abandonando a vida noturna como profissional proprietária de casa de Show, e eu conseguindo salvar meu violão que foi levado pelos vândalos, continuei cumprindo o contrato com o Le Rond Point que teve a freqüência vigiada e diminuída, fazendo com que eu atendesse ao convite do Restaurante Cabana em Ipanema, na Praça Nossa Senhora da Paz, sendo contratado como cantor e violonista, junto com um cantor espanhol, sendo que a sócia da casa noturna (espanhola) também cantava. Freqüentava o local em início de carreira Maria Betania, Rosa Passos (que namorava Fabrício e que eu desejava como amiga e como amante), Mário Prioli, este, sócio de um boliche que ficava ao lado da igreja Nossa Senhora da Paz e que mais tarde construiria a casa de espetáculos “Canecão”, figura simpática de muitas noitadas em companhia de mulheres lindas, com a sua invenção de fazer cascatas com champanhes escorrendo pelas taças colocadas uma em cima da outra formando uma torre.
Sentindo as mudanças na cultura do país, com a influência da música americana, principalmente do rock e com o crescimento do movimento da bossa nova, cujos estilos estavam divorciados do meu gosto musical, retomei os estudos com certa exclusividade, cursando filosofia, línguas latinas, especialmente o francês, italiano e espanhol, além de latim e grego, fundando um curso de madureza na Rua do Catete, no bairro do Flamengo com o amigo e colega de faculdade – Cludelson Pessoa do Amaral, cidadão de inteligência privilegiada, com quem dividi a profissão de professor, lecionando na Paróquia da Glória, inglês (ele) e francês (eu), enquanto que no cursinho preparatório, além das matérias básicas para exame de madureza para o 1º e 2º grau, ministrávamos aulas de taquigrafia do método Leite Alves. Nesta época, no ano de 1968, elementos do DOPS e do SNI, Órgãos da repressão ditatorial, invadiram o Salão Paroquial, conduzindo a maioria dos professores, incluindo o Pároco e alguns alunos, para o Campo do Botafogo, em General Severiano, atribuindo a todos a pecha de comunistas, escapando ilesos, por sorte, eu e Amaral, porque nos encontrávamos no Cursinho de Madureza, sendo avisados da ocorrência, oportunizando as nossas fugas, para não sermos presos. Os materiais fotográficos, jornalísticos, fonográficos e de publicidade, da minha vida artística, assim como, a rica biblioteca de raros exemplares, tudo se perdeu, ficaram no apartamento da Rua Ferreira Viana, em virtude da minha mudança brusca de endereço. Quando retornei, para tentar recompor o rumo de minha vida, a mulher com quem eu vivi durante oito anos – Marivone da Rosa Medina, havia morrido de cirrose hepática por ingestão excessiva de bebida alcoólica, levada pela solidão e pelas decepções que a vida lhe impôs.
Nesta época o regime militar, com sua censura implacável, fechou a Rádio Mayrink Veiga, Rádio Nacional, TV Continental, eliminando a possibilidade de meu reencontro com a televisão, interferindo no setor de comunicação, na vida cultural e artística do país, principalmente no Rio de Janeiro.
Aquele que iniciou a sua carreira artística no Rio cantando no Dancing Avenida, levado pelo cantor Jamelão em abril de 1961, (onde a crooner era Alaíde Costa), encerrava definitivamente a atividade profissional de músico e cantor, ali, no ano de 1969.